Falar de mim...

Falar de mim...

Os poetas, tal como os guerreiros também precisam de descanso, porque sofrem igualmente de algumas maleitas físicas ou psicológicas. Precisei de uma pequena pausa para reflexões do próprio eu e de tudo o que me rodeia e influência a minha caminhada da vida.
Existem muitos zunzuns, por vezes até silenciosos ecoados no horizonte, mas enquanto alguns gostam de falar da vida alheia, por vezes pelas costas, sempre preferi simplesmente falar de mim.
Desafio-me constantemente, algumas das vezes com tentações perigosas, mas tudo que escrevo são fantasias, puras ilusões com o dom de imolar os corpos femininos em ardências flamejantes. Por vezes sou salgado como o mar, outras, malagueta picante, com ânsia de semear seduções às musas encantadoras e viver em comunhão eternamente num caldeirão efervescente. Sempre tive uma imaginação que quando abre as gavetas dos desejos eróticos, transcrevo sem soluços as conversas mais atrevidas. Fascino-me sem medos ou tabus das luxúrias da sexualidade, porque nunca quis paz na cama, mas sim loucuras que rasgam lençóis e que estouram as molas do colchão. Amo ser este moribundo apaixonado, que revendo o tempo a passar na ampulheta, tem incontáveis beijos tatuados no corpo escanzelado da “cadelice”. Não quero fazer deste texto, um testamento do passado, nem ser um choramingas feliz com cadeados à porta da felicidade, pois possuo um código secreto para abrirem o coração. Nem quero transmitir homilias próprias do roto para o nu, pois sempre fui um homem apaixonado por desencadear sorrisos e alegrias nos egos alheios. Tive e terei com certeza que percorrer ainda muitos buracos na estrada, talvez cair em alguns deles, mas gosto de espelhar nas palavras o rascunho do passado que ajudará a viver o futuro. Detesto assédios, bem como crueldades humanas, prefiro ser um comovido pela infelicidade dos outros e um visionário do amor. A vida foi feita para viver com o corpo em alvoroço, esfolado pelos prazeres carnais até os deuses ficarem caquéticos e sem autopsias retalhadas da alma.
A falar dos outros escreveria páginas em branco, vazias e límpidas, mas estou convicto que escreveria muitos livros simplesmente a falar de mim.
E tu dirias algo de mim?

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