(Im)perfeitos idiotas…

(Im)perfeitos idiotas…

Não tenho nenhuma filiação ou cor partidária, muito menos ligações a ideologias políticas, vivo num país democrático e portanto, sou um cidadão livre de pensamentos. Mas, tudo isso não impede de ser um português atento, com opinião crítica, positiva ou negativa às situações que ocorrem no país.
Desde o 25 de abril de 1974 que vivemos em democracia, com a conhecida Revolução dos Cravos e desde então, por eleições, cada eleitor escolhe os representantes governativos, é assim sempre quando somos chamados a votar.
Na minha ótica, em cada fase da governação, analiso os seus desempenhos e vejo que cada vez mais a democracia está doente e empobrecida. A qualidade da classe política, como as políticas impostas nos vários âmbitos, como as finanças, a economia, a saúde, as áreas sociais e outras, são sucessivamente degradadas e paupérrimas.
Numa população, que já não chega aos dez milhões, cerca de quatro milhões são pobres, onde mais de metade deles, em extrema pobreza e vemos sistematicamente escândalos que são inadmissíveis naqueles que tem a obrigação de nos liderar condignamente.
Não tenho a certeza, mas creio que somos o único país da EU, que tem um governo de maioria e infelizmente não aprendemos com o historial desastroso das maiorias em Portugal.
Os governantes tornam-se “os senhores donos disto tudo”, onde os casos, casinhos e casões, se sucedem em catadupa e que nos deve preocupar seriamente. O mal é geral, seja qual for o quadrante político. O “fala, fala e não faz nada”, o compadrio, as ilicitudes, as suspeitas, a inexistente justiça e acima de tudo uma enormíssima falta de ética e honra. Ser político é olhar para o “nós” e não para o “eu”, é servir uma causa pública e nacional. Portanto, a competência ou incompetência, tem de ser escrutinada e exigida pelo povo, para obtermos melhorias contínuas.
Talvez, a culpa seja “nossa” e estou convicto que é!
Um povo habituado a “comer e calar”, pouco exigente, ordeiro, que se contenta com um ordenado mínimo e médio miserável, enquanto “eles” recebem chorudas pensões, indemnizações e enriquecimentos fáceis à conta do Zé-Povinho.
Quando se deu o 25 de abril, gritava-se nas ruas: “É o povo quem mais ordena”!
Hoje gritamos pela saudade das novas gerações, dos nossos filhos, altamente qualificados, que vemos partir para países onde são reconhecidos e pagos pelo real valor do seu trabalho. Aqui sobrevive-se, mendiga-se, contam-se os cêntimos no bolso para fazer face às despesas, num país onde a média das reformas é de 605,00 € e tomara muitos receber esse valor miserável. Com impostos elevadíssimos, rendimentos baixos, desta forma, dificilmente os portugueses terão uma vida humanamente condigna.
Não quero ser lamechas, porque felizmente quando faço comparações com o que observo na generalidade, não posso queixar-me. Por norma não olho para cima, mas para baixo, para aqueles que vivem sem sonhos e uma vida minimamente digna.
Somos lusitanos, um povo com um passado guerreiro, aventureiro, conquistador e quando cantamos o hino, temos de sentir na alma os arrepios das palavras. Se gritamos “contra os canhões, marchar, marchar”, temos a obrigação e o dever de exigir respeito.
Julgo que vale a pena refletir profundamente para onde caminhamos, sem igualdade e uma justiça justa, continuaremos a ser dirigidos, como se fossemos, (im)perfeitos idiotas.

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