Invadido pelo desejo…
22 de Outubro, 2018
O sol cedo penetra pelas friestas dos estores, iluminam lentamente o quarto e meus olhos entreabertos do estremunhar do sono. Os armários estão todos abertos neste meu acordar e sinto necessidade de vestir algo a preceito.
Abro a janela para sentir o espírito das canções invadirem os sentidos. Olho os horizontes sem fim, os passarinhos voadores e o céu a confundir-se na aguarela deste planeta totalmente azul. Tudo são águas calmas neste trilho de ideias numa noite que senti os sonhos da tua estadia neste castelo de encantar. Desde que entraste não saíste mais, deixaste teu coração ser consumido pelas minhas palavras e recriações e ficaste para sempre nestas bolhas do prazer.
Ouço teus passos compassados pelo bater dos tacões das botas e sinto os legítimos ventos soprarem os arrepios de emoções.
Entras de forma rebelde, os olhos carregam a fome de vergonhas, as vestes dizem tudo para mim, tu sabes. Tua pele tem a cor da devoção, as botas altas a preceito dos espelhos da minha excitação e cor da lingerie o fogo ardente do inferno da luxuria, o vermelho.
Meus armários se fecham todos, menos o do desejo dos fetiches que transportas contigo. Teu gesto de dedo indicador em riste nos lábios é sábio, pedes o silencio da minha boca, mas o lenço vermelho que carregas na mão pede exaltações de mestria.
Meu corpo ainda todo nu é o teu tesouro para palavras grosseiras, meu olhar de charme as labaredas vagabundas da sedução, tudo para ti são montras expositoras dos teus instintos eróticos. Selas meus olhos com o lenço impregnado de resinas obscenas que deixam meu sentido da visão iluminado pelas lâmpadas da escuridão. Minha nuca, o pescoço, as orelhas sentem o juízo a estremecer e os redemoinhos de medusas colantes que tua língua produz na contemplação. Pequenas trincas abrem as portas as escoriações de beijos, que revigorizam a profanação do meu corpo e o volume da nobreza do pénis se engrossa.
Teus doces lábios são crentes na adoração, os dedos emergem na minha boca que com eles salivados sinto a pele a ser pincelada pelo artista da tua obstinação. Um cristo de braços abertos, que recebe no peito a leveza do castigo dos beijos misturados no chantilly, sinto-me uma manteiga a derreter pela tua entrega. Não paras nesta criação de teias de aranha de sensações vibrantes e encaminhas a loucura obscena para o divino membro. Incontrolada nem o admiras, pura e simplesmente o absorves bruscamente e fazes soltar gemidos que tateiam ecos nas quatro paredes. Tua mestria roça a punição física até ao tutano, neste meu sentimento carnal. Tuas mãos massajam meu corpo como se fosse um oceano ignorante, tua boca umas víboras carnívoras de sete cabeças aguçam numa velocidade cruel as hormonas fervilhantes. Tento controlar as emoções, retardar o orgasmo, mas tua proficiência é implacável. Sinto o libertar em esguichos desmedidos, teus gritos de gloria da dedicação que deixam meu corpo tenso esvair-se em espasmos venustos.
Patinas teu corpo quente pelo meu todo suado, até colares os lábios em beijos carnudos, como se desejasses aspirar a língua para ti.
Retiro o lenço como sinal de rendição nesta invasão de desejo.
Respeite os direitos de autor.
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