Janela erótica...

Janela erótica...

Olho no espelho e vejo o retrato de um louco sentado na poltrona do reino a falar sozinho.
Não estou a rezar o terço e tento coser a boca para não soltar chavões de palavras.
Mas tu atiças piropos ao boémio afamado.
Tenho vivido delírios eróticos e sonhos de intranquilidade. Tudo provocado pela tua corada coragem, desde que viste meus silêncios escondidos na tua observação.
Todas as noites sentia ardência na pele quando te despias nas luzes da ribalta do teu quarto.
Mas tudo mudou quando sentiste meu lado oculto que mergulhava nos olhares da tua janela.
Aos poucos ficas a rainha dos prazeres, que nos teus gestos de nudez constantes deixam minha boca suculenta, ao ponto de fazeres de mim uma anedota perdida.
Hoje fazes questão de seres uma criatura no palco, uma dançarina fervilhante das vitrinas eróticas neste carrossel de adultos.
Caricato, mas mais uma vez aqui estou com este vicio enraizado de observar o teu corpo na luz da noite. Pareço um cavalo voador babado no cio, com desejo de enforcar o tesão.
Não perdoas, estás poderosa, solta demais como se fosses um pote aberto de mel.
Fazes questão de descer teu vestido na lentidão tântrica, descer as meias de licra e as traçar com os dentes. Não páras e insistes em lançar tiros de chumbo pelas tuas provocações, que faz revirar meus fígados do desejo. Já não são apenas sombras através das cortinas, és tu no teu cabaré nudista, com imensas ementas de posições.
Esfregas teu corpo, lambes teus lábios e remexes teus cabelos em rituais de gemidos. Estás um vulcão em erupção, danças nas tuas próprias labaredas, pincelas os dedos na boca, dás palmadas nas nádegas e escalas teus seios com a língua.
Fazes bater mal as faíscas dos meus neurónios, que até martelo os dedos para sair da dormência e fico incrédulo como um gorila ferido. Lanço na imaginação beijos voadores pelos caminhos lambidos e sinto o interruptor das ereções a piscar fortemente.
Reviras teus lençóis brancos, com o corpo da sedução numa dança de enguia em polvorosa, enquanto exibes teus brinquedos sexuais. Levas suavemente um deles à tua boca, lambes lentamente, mergulhas na garganta funda, deixas cair a saliva e deslizas suavemente pela tua pele que abre uma estrada do pecado para o objeto no percurso da selva molhada.
Meu coração bate mal nas mil rotações com as ereções provocadas por ti, que até a minha sombra fica a escaldar. Passo a lobisomem feroz e rasgo as calças de cima a baixo e abro crateras longínquas com os grunhidos brutais na imolação do semem.
Como uma luta de titãs, a tua resposta é vadia, forte, suave e intensa na penetração do dildo na vagina suada pelos orgasmos.
Transformaste-te numa vizinha sem lei de janela escancarada, uma verdadeira deusa na criação de desejos ao Criador. 
  
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