Jardins proibidos...
21 de Junho, 2023
Uma das particularidades que diferencia o ser humano dos restantes animais é a sua capacidade de sonhar.
Quem não tem sonhos ou não ousa sonhar?
Gosto de jogar o totoloto da felicidade, de arquitetar ilusões abstratas e de ser um prisioneiro sonhador numa gaiola dourada com a porta aberta. Sonho com um mundo maravilhoso, onde as pessoas convivem em harmonia, paz e amor, o tal Planeta Azul.
Sei que esse planeta é utópico, nem sempre a vida tem esse lado fabuloso, mas nunca desisto, reinvento sempre novas causas, às vezes sou como um cão que precisa de estímulos para ladrar.
Os tempos são bizarros, acordei sem asas de morcego, sem ideias ridículas, com vontade de viver fora dos terrenos pantanosos e espalhar pela sociedade sementes de rosas.
Talvez sejam conversas da puberdade escondidas no íntimo, ou simplesmente meras fantasias, mas dou comigo a pensar como seriamos os dois encarnados em belas borboletas. Porventura, um jardim perfumado, um campo de pampilhos sem cheiros estranhos, nem buracos no ozono, apenas ninhos erigidos por flores para entrelaçarmos as línguas em beijos. As asas seriam os sorrisos abertos, embalados pelos sons poéticos a dar troco às palavras dos deuses. E eu ali, na tua companhia simpática, juntos a batermos asas e a imaginarmos inspirações húmidas.
Sentimentos estranhos, pareço um adolescente feliz, com bocejos do cio a caminhar para a velhice, como se marchasse em passos de caracol a gritar espasmos num frenesim histérico.
Ainda bem que ambos temos asas, podemos infringir a rigidez das regras e compartilhar os segredos dos fétiches, enquanto navegamos em joguinhos de ternura. Sem pedras no caminho, voamos de flor em flor, como dois alucinados perdidos em desejos e ânsias para sufocar os corpos, até morremos sem ar de tanto fazermos amor. Somos almas quentes, iluminadas, nas nossas veias corre o sangue voador dos suspiros e dos gemidos molhados. Trocamos canções de embalar, poesias escritas no luar, gritamos desvarios com palavras que implodem as bibliotecas em chamas e sem medo de conquistarmos a glória da paixão.
Talvez seja um escravo dos sonhos, ou um louco a berrar versos satânicos, enquanto escuto poemas do cupido ou talvez esteja a ouvir os pedaços que sobram de mim, neste monólogo com o travesseiro.
Uma coisa sei, desejo partilhar contigo a coragem atrevida e cairmos em pecados veniais de inocentes nos jardins proibidos.
Respeita os direitos de autor
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