Monólogo da vagina...

Monólogo da vagina...

O momento é de solidão,
os sinos tocam excitação.
Desassossegos que batem
à porta da feminidade.
Os sinais são evidentes,
na cor da lingerie, vermelha.
Forte, intensa, vibrante,
um colorido afrodisíaco.
Sei disso e tu também!
Sinto a modificação do corpo,
mesmo estando a ressonar.
Sei que dormes,
o sono é profundo.
És, a minha rainha.
A dona de mim.
Não quero paz…
Mas, segregar segredos.
E, esfolar vícios privados.
A vergonha não fala.
E, os pecados mutilam.
Desejo, exageros…
Ciosa de promiscuidades.
Quero ser estimulada,
ser venerada e consolada.
Choro de saudades,
não da virgindade lacrada.
De ser submissa,
escrava dos prazeres.
Desejo escutar,
gemidos dos amantes.
Quero ver…
Silhuetas nas paredes,
o escorrer dos suores.
Quero sentir…
As narinas na devoção,
dos odores do íntimo.
O bater da língua,
na entrega das salivas.
O clitóris sem soluços,
efusivo e animalesco.
A viscosidade a medrar,
a lava a fluir.
Podes chorar por mim.
As lágrimas são salgadas.
Já servi apenas para urinar,
e, tive delírios na puberdade.
Excursões eróticas,
dos homens esfuziantes.
Libertei adrenalinas,
e, histerias de loba.
Vivências passadas.
Não quero descontrair,
mas sim, emocionar.
Mendigar prazeres,
impregnada de humidade,
em brindes molhados.
Estou palpitante,
não pela menstruação,
nem pelos lençóis molhados.
Mas pelos urros,
pelas festas explosivas,
da libido de orgasmos.
Estou aberta aos sentidos,
ardentes do inferno,
ao fumegar da paixão.
Falo para ti.
Não respondes.
Ó mulher, minha deusa!
Em ti encarnei a sexualidade.
Escuta-me!
Toca-me!
Vai toca-me nem que seja com os dedos.
Estou aqui exposta a pudores.
Sem tabus.
Sabes o quanto sou sensível.
Ouve o trepidar forte,
são os lábios extrusivos.
É a gomosidade que pinga.
Sinto fome,
dos machos insaciáveis,
das invasões vigorosas,
dos sexos entroncados.
Que dilaceram.
Que rasgam profundamente.
Que estremecem.
Deliros em espasmos.
Ser abençoada.
Ovacionada em emoções.
Milhões de arrepios.
Tenho sede,
dos espermas enraivecidos.
Que deslizam
e, formigam dentro de mim.
Amo,
o burlesco,
a luxúria do sexo.
Quero,
são suplicas,
carências.
Preciso libertar,
o fogo,
o, perfume do amor.
Estou aqui!
Não ouves?
Sei que não, nem podes ouvir.
Estou sozinha, enquanto dormes.
Mas estou viva,
nas imaginações,
não são fúteis.
É a linguagem mental,
de um monólogo da vagina…

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