Louca em devaneios...

Louca em devaneios...

Um paraíso este planeta azul. O pôr do sol reflete os golfinhos no mar, a lua transforma as noites em luar e as estrelas são o brilho dos olhos dos anjos.
É neste mundo que repousa o pássaro livre nesta savana de silêncios. É neste transe de moscas que vagueiam os meus pensamentos e bem longe das ruínas de fogo.
A noite cai cedo e na luz ténue do quarto relaxo encarnado no espírito da tranquilidade, como se estivesse na metagaláxia.
Por uns instantes ouço vozes como se fossem passos, sinto vibrações nos móveis, tremores sísmicos na cama e a suite a ficar escorregadia.
Algo invade este espaço e no espelho do quotidiano já partido espelham almas anónimas, mas com bocas esfomeadas.
São fétiches voadores das chamas assanhadas.
O espelho funde-se numa tela de visões e vejo as tuas emoções ferozes, os teus desejos sufocantes.
Hoje não és um anjo com arpas, porque sinto o olhar perfilado das deusas do prazer.
Não te ouço no retratar da tua imagem, que mesmo com o cair da geada, vens em fogo ardente.
Não deitas cristais nem sais na banheira, mas sim águas turvas de sémen para um banho lamacento. Desejas o lado negro dos delírios, de sentires os espíritos gritarem retratos de louca.
Coro na minha imagem, mas dás-me vontade de passar a saliva babada no espelho.
Quebras as minhas próprias regras e sigo caminhos desvirtuados neste vazio do tempo carregado de sementes de carências.
Acendes os pavios das velas com o fogo do inferno e entras na banheira conforme estás. As botas das minhas fantasias, mas com a lingerie preta, a cor do amor. Talvez desvairada o teu sangue fervilhe num misto de sensações, que até as unhas e os lábios estão pintados de negro.
Esfregas o corpo, molhas os lábios e com a língua de serpente traças os seios como um carrossel de adultos. Os bicos mamários endurecem na fúria da sensibilidade, enquanto puxas os cabelos molhados, parecendo que os queres arrancar.
Sinto dentro de mim a alma do gorila enjaulado a queimar, o impulsivo carnal a explodir na vontade de devorar a tua safadeza.
Marcas o rabo com fortes palmadas, mastigas a tua própria língua, lambes os tacões das botas, apertas entre os dedos os peitos e gritas fúrias de lascívia.
Os teus dedos invasores em devaneios loucos de euforia cravejam os teus buracos do prazer.
Rasgas a tua bíblia da sanidade e escreves mandamentos de vícios.
Tresloucada pelos vulcões acesos em ti, a tua vagina solta vozes famintas de estocadas de machos.
Embasbacado e incrédulo na tua loucura de devaneios, os meus neurónios ficam a soltar labaredas de orgasmos.

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