Mãos protectoras da perfeição…
Como se fossem folhas secas ao vento num redemoinho esvoaçante, como um cardume de sardinhas no oceano nos movimentos sincronizados pelo sensorial do olfato, é assim a beleza e a leveza do ballet.
Elas, as bailarinas parecem voar numa dança romântica, umas borboletas à solta em que as suas asas são as pontas dos pés, que as fazem flutuar ao som da música clássica.
Tudo parece livre e solto nos movimentos harmoniosos, na verticalidade corporal, umas verdadeiras fadas em palco que apenas eu assisto no silencio da alma, mas com o som das batidas do coração.
Sentado no camarote dos sonhos, apenas observo e sinto tudo no encanto do talento. Como pisas com as pontas dos teus pés flutuantes, os passinhos de alegria no sorriso de teu rosto, como se tivesses vontade em despertar os meus desejos e os teus sonhos, sinto tudo nas tuas fantasias de mulher.
No salão que deslizas suavemente toda a gracilidade de teu corpo, onde demonstras o encanto do teu talento, onde libertas teus sentimentos, onde rodopias no ar, embora nem sempre calculados na perfeição.
Mas tu com as forças da obsessão podes por vezes correr riscos, não pelas bolhas e feridas a sangrar nos pés, mas das brechas abertas no coração perdido de paixões.
Empolgada pela tua entrega nas piruetas simétricas, pela música difundida e que te embala, não te contentas em pequenos sonhos, desejas outros palcos gloriosos, outros salões imponentes para a tua dança sem fim, sonhas e desejas ser aplaudida de pé efusivamente, mas não por qualquer um, mas apenas e só por mim.
Levada pelo coração, pela paixão da faculdade imaginativa, não sentes os ventos desequilibradores, os abismos dos precipícios perigosos, que mesmo com a força do teu orgulho e superação, podes cair esmagada por outro corpo.
Nas sombras do teu equilíbrio, no desenrolar da fita vermelha em deslocações descompassadas e agitadas apenas servem para inebriares tua sumptuosidade magistral e toda a tua imponência inspiradora.
É neste teu vigor deslumbrante, nesta tua graciosa dança que fascinas e seduzes o meu ser, que instigas meus pensamentos em ti e mesmo no avolumar das nuvens sobre ti, nem sonhas que são as minhas mãos que te veneram e protegem. Todas elas feitas de elasticidade de ternura para te abraçar a qualquer momento.
Mesmo que tropeces, que te desequilibres, ou mesmo que sintas as tonturas provocadas pelos teus sonhos e desejos, nunca, mas nunca cairás, nunca te vais magoar nem no corpo nem na alma, pois estarei sempre ali nem que seja de forma invisível para te segurar e zelar por ti.
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