Trilho das palavras...
12 de Março, 2023
A vida move-se a uma velocidade alucinante, o relógio não pára e os dias do calendário caiem em catadupa como folhas no outono sopradas pelo vento. É como o dia, que num ápice se transforma na noite, assim é o quotidiano que abraçamos desde que despertamos.
Parece que foi ontem, mas quando olho para o caminho percorrido é que percebo que já passaram cinco anos que entrei neste percurso das pegadas das palavras e que se tornaram num vício. Desde esse dia que acordo sempre com a alma embriagada pela paixão da escrita e feliz por estar vivo.
Tenho momentos que nem preciso de inspiração, basta estar sentado na varanda dos prazeres e perceber que a vida é uma oferta que mantém sempre a porta aberta às quimeras do poeta. Muitas das vezes as recordações, ou simplesmente a imaginação são a injeção de veneno poético nas veias para criar desejos. Nem sempre preciso de linguagem obscena, embora ela exista escondida no refúgio da mente e soluçada pelas sílabas transformam-se em labaredas descontroladas.
Há quem diga que o futuro foi ontem, ou que não existe o presente, apenas uma osmose entre o ontem e o amanhã, mas com a minha maturidade, vivo um dia de cada vez como se fosse o último. É por isso que sou vigoroso, romântico e apaixonado por tudo que assimilo com os cinco sentidos, até a beijar é como se fosse sempre o primeiro beijo de amante.
Não sou homem de saudades, nem gosto de recordar os tempos que dormia de pé, com nós na garganta e o cérebro a estourar como milho a converter-se em pipocas.
Mesmo envolto numa identidade fictícia, sem anéis nos dedos, tenho uma gratidão eterna às estrelas brilhantes, a esse ser divino e imaculado, simbolizado na mulher, que fizeram de mim um poeta universal.
Homem de números, reinventei-me, decorei o dicionário, desmultipliquei sinónimos, construí “puzzles” de emoções e arrepios por via das frases no blogue www.criadordedesejos.com, atualmente com mais de 24.000 visitas e lido em 55 países, bem como nos dois livros publicados.
De espírito partido, passei ao indivíduo mais feliz do mundo, com o coração cheio de entusiasmo pelas enormes amizades, que mesmo sendo virtuais, vivem alojadas em mim para sempre.
Hoje, escrever é sentir no peito um fogo de artifício de prazeres, um orgulho luso pela nossa língua materna, é sair constantemente da prisão das tristezas e abraçar o mundo através do amor que tento partilhar.
Já fui um menino tímido, agora sou um livro aberto com asas sem limites na liberdade de pensamento, por vezes disparados numa roleta russa, com molho picante no desvendar dos segredos de fétiches e das ilusões ainda existentes no espírito salaz.
Neste Planeta Azul, vestido de carteiro dos sonhos, embora tendo a consciência que nunca conseguirei quantificar todos os sentimentos, não quero parar de pintar corações com felicidade e esperança, para em conjunto abraçarmos a paz global pelo trilho das palavras.
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