Memórias recentes...
24 de Março, 2020
Já li e reli dezenas de vezes a tua mensagem e até agora sempre arrepiado, mas sem palavras para responder.
Para mim, tinha sido apenas de um puzzle de coincidências no encontro e no consequente convite para jantar. Candidez pura da minha sensibilidade, pelas envolvências no encantamento, sentidas por ti. Uma química, sem fórmulas matemáticas e que nos levou a espirais idílicas como se tivéssemos atingido o cume do Evereste projetados duma montanha-russa.
Empolgado como se fosse a primeira vez, leio novamente.
"Nunca tinha visto o teu rosto, mas decifrei cada símbolo da tua alma e o ADN de cada hormona. Em cada sílaba que escreves, o júbilo vibrante pela mulher, a forma divina como a descreves é algo de muito íntimo do teu ser. Demonstra adoração, veneração e isso fascinou-me. De início confesso, era a curiosidade pelo mistério da silhueta facial, que esvaeceu em sombras e deixei-me viciar pela psique. Passaste a viver em mim, o perfume imaginário, o odor, sempre colado na minha pele, o lugar vazio a meu lado na cama quente, eras tu! Ilusões, desta ninfomaníaca por ti. Meticulosa, astuta, estudei cada minúcia romântica, as malícias eróticas enquanto delirava acordada em desejos de querer-te todo dentro de mim. Todo mesmo! O jantar apenas um pretexto, uma emboscada com o toque do vinho e tinha a certeza de que irias ser tu próprio: corpo e alma. E, fomos almas gémeas, como nos entregamos. O vestido justo, colado ao corpo, a lingerie preta, as botas de cano alto, o plug anal que já levava metido no ânus, tudo instigações que cegariam a imaginação. Na cama, tudo foi improviso, exceto a minha exigência de entrar no quarto com os meus olhos vendados, sem retirar até ires embora. Nunca te vi nu, apenas quis sentir o quanto és misterioso na entrega ao mais ínfimo primor e guardarei na memória até a terra comer o último osso. A forma como beijas, o toque dos dedos, a incógnita da parte onde bajularias, deixou-me louca. A boca quente, as mãos ardentes a fustigar as nádegas em palmadas, a alienação brutal na entrega, ainda sinto os rodopios vulcânicos a formigar. A forma hot a desfrutar, no fora e dentro do plug anal, a mestria da língua salivada no esfíncter, na vulva, uiiiiiii… Fecho os olhos, ainda ouço suspiros dos devaneios. O arfar no pescoço, à medida que o pénis ereto, duro, adentrava as profundezas encharcadas. Arranhaste a pele, não quero que cicatrize, são tuas tatuagens vivas, gritei, uivei, gemi, suei como uma estouvada e ganhei a essência do sémen, várias vezes. Ainda ouço o pulsar dos corações, verídicos cavalos a galope, as respirações ofegantes e consegui tirar-te do sério. Foste um vilão saqueador nas investidas a castigar o cu, a esfolar o clitóris, até culminarmos em orgasmos intensos toda a noite. O quanto desejava enlouquecida, guardo agora a venda impregnada com os suores e nas atuais solidões impostas é o impulso para jorrar lavas deste vulcão. Posso nunca mais dispor fisicamente, mas as memórias recentes subsistem, foste um animal sexual no corpo e sei que fui amada na alma".
Li e continuo sem palavras…
Respeite os direitos de autor
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