Nasceu o menino...

Nasceu o menino...

Nas palhas deitadas, nas palhas estendido.
Caiu no berço gerado pelo fruto desejado de uma fusão ardente.
Não teve a estrela-cadente, mas teve o brilho no olhar límpido dum corpo de presépio.
Os Reis Magos não apareceram, mas recebeu os elogios dos apreciadores, que babados, contemplaram o seu olhar de ternura e amor.
No primeiro choro foi mordido pelo fascínio de uma luz inspiradora, que caiu numa colmeia de adoração, envolto em lençóis de veludo.
Desde cedo gatinhou nos sonhos e nos lábios carregou a silhueta dos mamilos maternos.
Captou emoções que fizeram nascer e desenvolver sensações distintas na alma, que seriam o seu memorial de vida.
Em cada capítulo da sua idade, subiu a pulso, degrau a degrau da escada da sobrevivência e na cascata de suores dos desafios vencidos, conseguiu ultrapassar as dificuldades da fábrica dos turbilhões do destino. Em cada janela, em cada postigo reinventou visões de magia de um dia vivenciar e partilhar um mundo melhor, um Planeta Azul.
Comeu e cresceu com as sementes da honestidade, do carácter, da sinceridade, da dignidade e da bondade, dadas na boca em cada garfada na pia do batismo pelos seus progenitores.
Na sua humildade desenhou histórias de embalar, soletrou contos com asas nos jardins proibidos e para a deusa mulher, venerou as vibrações mais íntimas.
Para este batalhador sobrenatural, na gestão de sentimentos, tudo são dialetos de amor.
Ama a maresia da tranquilidade do mar, mas revolto em ondas da ira dos deuses da paixão, percorreu ilusões e caiu nos precipícios da desilusão.
Navegou nos números que provocaram insónias desfocadas, sombras dos demónios e nos momentos de ansiedades descontroladas, foi nas palavras que ouviu os silêncios nevrálgicos a rasgar a sua alma.
Sensível, romântico, sonhador, imensamente erótico, possuidor duma mente aberta, pincelou para toda a vida o coração de azul com a chama invencível do dragão.
Exibiu a sua elegância espelhada no equilíbrio da clarividência, boémio afamado, um amante convicto, desfrutou em todos os instantes da vida de corpo e alma.
Nunca teve montras da saudade, nem lambeu o passado, mas alimenta a força das memórias e vive esfomeado pelo futuro.
Tem as portas do coração sempre abertas para repousar no sono tranquilizador do glamour.
De tímido a audaz, de fatalista a ponderado, de impulsivo a emotivo, todas as vozes que o rodeiam são seduções para beijos encantados.
A sua frontalidade é um teatro aberto, com mistérios escondidos, em cada segundo abre um novo capítulo de sorrisos, que concebe novas amizades.
Não tem nenhuma varinha mágica, mas empenha-se regularmente por um mundo puro, transparente, com cisnes a nadar no lago da honestidade humana.
A miséria, a desigualdade, as lutas da maldade, as injustiças e a falta de humanidade, são o seu fontanário das lágrimas da comoção.
Em cada flor, em cada borboleta, em cada perfume, nos mais ínfimos pormenores, deixa-se embriagar pelos sininhos do entusiasmo e descreve, com musicalidade poética, o esplendor divino e imaculado da beleza feminina.
No sol, nas estrelas, na lua, as sombras da felicidade são iluminadas pela luz da gentileza que germinou da sua existência.
Um pescador da esperança, um vendedor de sonhos, um idealizador de prazeres, um Criador de desejos, que vive apaixonado pela vida, porque é única e deve ser vivida intensamente.
Vive encantado pelo belo ser Mulher, porque ela é indefinível!
Esse menino cresceu, esse menino, sou eu…

(A foto usada é minha)

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