Ousadias poéticas....

Ousadias poéticas....

Falo sozinho ao espelho, ele é o cúmplice dos mistérios, tenho-o como um confidente puro e confesso-lhe os sentimentos mais profundos. Pelos reflexos que emite da minha corpulência física, consegue distinguir o meu estado de espírito. Perceciona quando sou alma, ternura, beijo ou coração, mas também possui o dom de descodificar o lado erótico do poeta.
Sei que não sou anjo, aliás adoro ser um diabinho a poetizar, de brotar sonhos pela imaginação e rasgar horizontes para novas felicidades.
Hoje, sinto-me empolgado, é como se sentisse algo diferenciado a chamar por mim, embora só consiga percecionar nesse chamamento, a magia do seu perfume.
Ouço a tua voz doce, meiga, em súplicas de poemas com glamour, são tentações ao fascínio dos ímpetos masculinos. Podem ser delírios confusos deste vate carente, mas não resisto e vou em busca da atração que me consome.
Fecho os olhos e na escuridão dos silêncios, tento teletransportar-me até ti.
Estás num local paradisíaco, num manto verdejante, com os cabelos loiros soltos, com um sorriso atrevido e uma luxúria física que cega, mas é através do esplendor dos segredos do teu íntimo que me deixo encantar.
Entro no carrossel da inspiração, passo a porta para outra dimensão, mas nem questiono, pois nunca abdico de viver o desejo dos pecados com requinte.
Os olhares sedutores, são o farol do amor, cruzam a química eufórica, iluminam a tua sensualidade feminina e despertas-me os primeiros arrepios. Fascinado, envolto num sismo que abala as poesias mais aveludadas, fico paralisado de movimentos a idealizar a tua nudez. Serena, como se estivesses a fazer a gestão de afetos, para atiçares o pecador, deixas cair o cesto carregado de maças. Não é um gesto inocente, é o rastilho para incitações ardentes e fazes corar a imaginação. Nunca resisto às tentações e num impulso descontrolado, com gáudio, dou trincas, não numa maça, mas em todas e ficamos a escutar os diabinhos ao longe a sussurram travessuras, pelo nosso envolvimento físico. Iluminados pela lua cheia, com a malícia das mãos ternurentas, deleito os labirintos dos teus seios, percorro o contorno das ancas, em carícias molhadas e embriagas-me as hormonas da satisfação. Os teus ósculos, não são ingénuos, são fogo divino dum coração pulsante, de uma mulher intensa, que transpira no ego fantasias românticas e ânsias para disparar o rastilho da excitação. Envolvidos, até à raiz dos ossos, com as línguas envolvidas numa dança salivada, deixamos a ilusão devorar devaneios e reféns do amor, fazemos os santos despirem os seus tabus.
Um clarão de fogo passa pelos pensamentos, é o calor das labaredas da excelsitude da tua beleza, a consumirem a carne, através das ousadias poéticas.
 
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