Intimidade amantética…

Intimidade amantética…

Adoro remoer versos de paixão, faz-me sentir um menino irreverente, a correr trilhos pecantes, faminto de beijos.
Julguei que seria mais um dia de solidão, na leitura das páginas em branco dum livro de fantasias eróticas, mas tudo se transformou drasticamente num palco de assédios sem regras.
Não se tratou de nenhum encontro fortuito, mas de uma reconciliação da nossa química corporal. Nem tive tempo de ouvir o toque da campainha, que já estavas a entrar pela porta, por vezes até esqueço que possuís uma cópia da chave do meu apartamento.
Temos o dom de podermos falar apenas pelos olhares e os nossos ósculos sempre foram o gatilho para loucuras insuperáveis e explosivas no leito.
Estávamos a precisar de sentir os suores próprios do sexo a explodirem pelos poros, como lava ardente. Fomos sempre amigos, totalmente de corpo e alma, em que a nossa cumplicidade mais libertina se entranhou nas epidermes e fez de nós uns amantes secretos.
Na cama contigo, fico um golfinho feliz que se transfigura num bisonte reprodutor assanhado. A tua boca provoca fascínios, os lábios apimentam novas inspirações, a língua embebeda pela saliva e a irreverência poderosa das mãos, desenvolvem malícias incontroláveis enquanto escrevem nas peles expressões de pecados.
A porta do quarto é o passadiço para o paraíso e os lençóis os agitadores balsâmicos dos odores dos orgasmos até cairmos para o lado como cavalos cansados.
Amas ser a escrava dos toques mais íntimos, com os olhos enevoados pelos sussurros das canções de amor e o coração pronto a bater asas numa viagem ao espaço, impulsionada pelas estocadas do pénis, como misseis orgásticos.
As hormonas do prazer reacendem as sirenes da nossa fusão excitante e os corpos encaixados pela união dos sexos, tocam melodias sinfónicas escritas pelos deuses pornográficos.
Somos uns atores num palco de guerrilhas sexuais, a inflamar luxúrias próprias das alcateias no cio. Os gemidos são urros de verdadeiros gorilas na bruma, a pesquisarem sentimentos no parceiro até deflagrarmos comichões nos genitais e fazermos os santos taparem os olhos.
Não são ilusões da vida, são ousadias delirantes de dois amantes, como vulcões em erupção, carregados de veneno da serpente do Adão e Eva, na intimidade amantética.
 
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