Palavras soltas nas labaredas...
06 de Outubro, 2019
Soletro na escrita o que ouço no silêncio dos meus barulhos e alimento as frases com as tuas suplicas secretas. O tempo não pára nas fronteiras dos ponteiros dos relógios, mas ultrapasso os limites dos teus pecados pela pontualidade febril.
Repousado no paraíso bebo um copo de vinho e fico pensativo como um anjo dos céus na abrangência da luxúria do inferno. Mesmo sem os óculos da verdade, enxergo o desfocar da mente nesta fusão surpreendente entre o calor do fogo e a ardência do teu corpo.
Aumento a transparência alcoólica imergida na leitura, como se estivesse ligado à corrente elétrica neste arquivo de memórias e levam-me a soltar sorrisos de glória.
Peito aberto, com rosas sem espinhos nos sonhos como se fosse um jogo armadilhado de respirações cortantes nos sinistros do erotismo. Cobiças atrevidas que viajam nas veias, inspirações voadoras que anseio no silêncio abafante e monto cascatas de arrepios efusivos nos ninhos das donzelas carentes.
As labaredas recriam chamas com vida, o coração lacra o corpo selvagem e resvalo para escarpas húmidas como se o teu clitóris fosse uma ilha de sonhos.
Deito mais achas na fogueira, molho a garganta com mais uns tragos de vinho e desnorteio nas pernas tremelicantes embriagado pela ementa do odor dos teus orgasmos.
Abro tesouros escondidos na serenidade stressante, subo escadas virtuais até mergulhar nos cardápios de filosofias amorosas e transformo as palavras em sensações que fazem cair faíscas na palha seca para os incêndios dos sentimentos do guerreiro.
A lareira está consumidora de delírios e cavalgo nas visões dos teus seios desertos com as silabas do bichinho do desejo salivar.
O calor é intenso nas profundezas da leitura e neste cantinho do amor vislumbro o teu fato da nudez à medida a voar sobre os lagos em transe encaixada no meu corpo.
Não somos vampiros dadores de sangue, nem esgrimimos lutas de piratas no saquear do corpo, mas somos matadores de prazeres como amantes na mudez, neste paraíso de anamneses vividas.
O chão melaço dos pântanos, delitos dos rastilhos de pólvora dos teus lábios carnudos mascarados de fenda dos prazeres e que atormentaram os vizinhos com os grunhidos selvagens.
Sopro mais umas páginas do livro até chegar a madrugada e caí nas marés noturnas com ondas de beijos e remexi calafrios na sinfonia da luz com impulsos vibrantes pelas pedradas dos sexos.
Varri pensamentos, escrevi reportórios genuínos, pintei as cortinas com o veneno do fumo e voei na lucidez das palavras soltas nas labaredas.
Respeite os direitos de autor
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