Pesadelo inopinado...

Pesadelo inopinado...

Entraste no quarto com sensualidade no gingar das nádegas e emprestamos sentimentos através dos beijos de amor. A noite foi intensa, inebriados por prosas felizes e deixamos os espelhos escorridos. Ainda lembro o teu rosto corado pelos pecados, enquanto fomos uns meninos do coro de filmes pornográficos.
Cansado, nem percebi que caí no sono, mas sinto o corpo transpirado, parece que estou num baloiço do eixo do mal, a girar num círculo de medo. Faz frio, as emoções um pouco confusas e algo estranho se passa.
Os pensamentos vazios, ouvem um chamamento com mistério, alguém que grita desesperadamente pela ansiedade que mata. Pela aflição da gritaria, carregada de pedidos de ajuda, reconheço a tua voz esganiçada. A imortalidade não é sentida, sinais de que estás em perigo e o coração cobre-se de arame farpado. Desnorteado, corro em busca do cavalo, que relincha alucinações do inferno e nem tenho tempo de o montar. Ele, cai como uma mochila pesada e rapidamente é consumido por uma chuva de vampiros e abutres esfomeados. De peito destapado bato em crateras abertas, cheias de mortos com vida. Puxo da espada e luto com um vulto que surge vestido de mafarrico. Tem um olhar hipnótico, asas de demónio e um punhal assassino. A luta é desigual, cruel com ossos partidos e várias feridas infligidas no corpo.
O pavor domina as alucinações sombrias e ouço o hino do inferno.
Rasga-se um enorme buraco negro na floresta queimada, de onde saem caveiras. As sepulturas abertas, são visões gélidas, dos poemas escritos pelo diabo às vidas que não são eternas.
A angústia toma conta de mim, já nem os teus gritos consigo ouvir, apenas a minha respiração ofegante, as dores nas chagas e tento refugiar-me nas alienações das trevas até ao sétimo dia.
Os rugidos são dormentes, não da morte, mas o medo de perder-te, és o vinho feito da alma e hóstia feita do corpo.  
Esvaído em sangue, luto pela sobrevivência, mas muito mais pelo amor que sinto por ti.
Luto, resisto, numa desesperada vontade, da previsível morte, com bafos de beijos quentes para ti e acordo deste pesadelo inopinado.

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