Queremos ver-nos...

Queremos ver-nos...

O amor tornou-se virtual, as letras das músicas em faixas penosas e Cristo acabou sozinho na mesa dos apóstolos.
Andamos este tempo todo a carregar pianos da solidão às costas, sempre num estado de escuridão, com trancas na porta e verdete na alma.
A distância entre nós, foi tanta que sentíamos ciúmes das paredes, do sofá e cheguei a fazer buracos no colchão como se fosse no teu corpo.
Nunca desisti, reguei sempre a árvore dos desejos, porque sei e sinto que a minha alma nasceu para ti.
Livres do confinamento, ávidos por voltarmos a ser escravos até aos ossos, moverei montanhas para continuar a idolatrar-te perdidamente.
O perfume, a essência, a sensualidade, a áurea da alma, o semblante que abraça, a safadeza na cama, são poções mágicas que viciam e a única forma de livrar-me da tentação, é ceder-lhe.
Agora, sinto-me livre por estar preso a ti e quero absorver as energias brutais que brotam do teu íntimo.
Apenas temos barreiras invisíveis, mas após ultrapassarmos as portas transparentes, tiraremos as máscaras e acabaremos crucificados na cama.
Tenho saudades de rastejar como um crocodilo nas tuas costas, de apertar-te o corpo até a alma soltar suores.
Quero voltar a ver a dicotomia do teu rosto a corar e as expressões maliciosas em chamas.
A tua nudez são loucas fotografias para os olhos, a boca aberta aos ósculos são alimento para o palato. Na intimidade somos uns bandidos, nos lábios, uns pintores com saliva nas epidermes e esfolamos pecados até os sexos tocarem arrebate.
As carícias nas nalgas, as línguas que tatuam escaldões, fazem de mim um alpinista nos teus seios, como se fossem o balcão do paraíso.
A teu lado sinto-me um faraó, um deus amado, um amásio feliz.
Não temos orquestra, mas dançamos, não dedilhamos instrumentos, mas tocámo-nos até libertarmos orgasmos.
O mundo abriu de novo e nós queremos ver-nos…

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