Rituais de amor...

Rituais de amor...

Sempre fomos uns apaixonados acordados e tudo serve de desculpa para fugirmos às rotinas. Adoramos o nosso quarto, é o último reduto para as nossas perigosas perdições e onde habitualmente enlouquecemos os íntimos com bafos de ternura.
Sou o criador de desejos, um amantético incurável e tu um brinde que a vida me deu. Quando estou contigo é como se estivéssemos a entrar no sétimo céu e fossemos mergulhar num lago de jovialidade.
Trancamos a porta, apagamos as luzes, soltamos as borboletas, que enquanto se reproduzem no ar, admiramos os seus acasalamentos, retratadas nas sombras perfumadas dos pavios das velas e cantamos com assobios ao som das músicas românticas do Matias Damásio. Esta nossa união simboliza carimbarmos o passaporte para o paraíso da paixão e vivermos eternamente sonhos alucinantes.
Somos humanos, precisamos de capítulos na nossa vida amorosa, de confessar novos desejos às paredes, de reinventar estímulos incontroláveis, de experienciarmos atrações fatais sem vírgulas nem pontos finais.
Como peixes num aquário, abraçados pelo olhar, com as sensibilidades apuradas, trocamos palavras de carinho, espalhamos pólvora com a gramática inflamada e caímos na cama como se ela fosse uma mina de ouro para a arte de amar.
Com as carnes despidas, as almas vibrantes, deixamos os corpos enrolarem-se como enguias escorregadias e ficamos em preliminares sensuais a escutar o silêncio dos arrepios nas epidermes. Os teus lábios vermelhos, são prazeres da vida que recebo de braços abertos, eles tocam-me na pele como se fossem brasas acesas. Envoltos nos lençóis, numa simbiose frágil de imperfeita loucura, mas com vivacidade aguerrida, deixamos as tramelas chicotear as peles e gritamos em uníssono pelos beijos flamejantes. Com as bocas coladas, tatuamos sabores nas línguas com mordiscadelas um no outro, enquanto os dedos deslizam pelos suores que pingam entre os teus seios.
Ainda agora começamos, mas as andorinhas já espreitam pela janela, para aprenderem connosco a fazerem os ninhos da atração.
A transpiração a escorrer-me pelas axilas, a boca a secar, as pernas agitadas e um tesão obstinado pela excitação, deixo-me guiar pelos sentidos. Deslizo as mãos pelos teus cabelos compridos, desço-as até ao rabo ao léu, aperto-o energicamente, e em simultâneo babas as ereções do prepúcio. Como gatos a miar no cio, com as emoções descaradas, refazemos prazeres com suspiros e com as libidos no auge, soltamos descomedidamente inúmeros orgasmos.
Não ficamos só pelas línguas a chicotearem as dermes, nem pelos dedos a vasculharem as vibrações do clitóris.
Impregnados pelo cheirinho do teu perfume “Intense de Guerlain”, continuamos a dar asas ao regozijo pelas uniões ardentes dos sexos em acoplações intensas e anestesiados pelo espírito dos rituais de amor.

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