Segredos do silêncio...

Segredos do silêncio...

O tempo não estagnou e continuamos a viajar juntos agarrados aos ponteiros do relógio, como se ele fosse uma montanha-russa.
Transportamos memórias e planeamos guardar as histórias vividas em páginas aveludadas num livro mágico. Elas, as histórias, convivem diariamente no nosso íntimo, mas mesmo assim, gostamos de folhear folha a folha e sentir as vibrações passadas.
Sem deixar nenhuma página em branco, usamos a caneta com a tinta feita dos orgasmos mútuos e perfumamos os egos escrevendo confissões anestesiantes, com ânsias em ortografar futuros prefácios.
Começamos num simples jogo de erotismo, onde no papel de incurável enamorado, tu foste o gatilho explosivo e perdemo-nos em ardores infinitos.
Hoje, lado a lado, trocamos olhares, sentimos o pulsar do coração expelidos pelos bafos de carinho e os lábios ainda ardem pelo fogo que nos consumiu.
Não gostamos de reticências, temos um lado selvagem e a ler todos os capítulos ocorridos, enlouquecemos lado a lado com conversas sem aspas.
Cada página, cada frase, cada palavra, cada sílaba, cada letra, são uma ínfima parte das sensações dormentes que vivemos felizes. Dizem que a linguagem do amor só está ao alcance dos sensíveis e como somos seres emotivos, semeamos loucuras para colher prazeres.
As excitações do glamour envenenaram os corações, amamos com minúcia cada preliminar, mas também fomos impetuosos pela luxúria da carne.
A tua simplicidade faz de ti uma mulher autêntica, a ternura tocou-me em todos os poros da pele e o sorriso iluminou a minha inspiração. Nem os deuses têm palavras para descrever o teu íntimo, é preciso sentir e eu senti e arrepiei-me.
Fomos arrebatadores, penetrei-te profundamente no abismo da tua intimidade feminina, posso ter sido ousado, mas nunca deixei de ser um gentleman.
Torturámo-nos em beijos, rasgamos o céu com as cores do arco-íris e deixamos o paraíso repleto de borboletas a reproduzirem-se.
Nos teus braços senti-me um refém submisso e ainda hoje tento com a tua nudez escrever poemas. Talvez por isso o nosso dialeto no leito seja um filme sem legendas, mas os arrepios dos sentimentos viverão eternamente em nós.
Temos o corpo carente, a alma fragilizada, a egolatria vive num emaranhado de comoções melancólicas, a saúde mental precisa de estímulos para curar as maleitas, mais uma razão para aproveitar a chuva para lavar as lágrimas dos desânimos.
O teu cheiro vive em mim, bem como os ecos dos gemidos e nunca perdi o sonho de os reencontrar, nem que seja a lermos o livro escrito através dos nossos segredos do silêncio.

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