Nascida no berço da educação preconceituosa das moralidades dos teus progenitores, em que tudo nos seus pensamentos era impuro ou insano, numa opressão recheada de tabus, cresceste na resignação imposta.

Sempre foste desde menina doce no teu olhar aveludado, admirada pelos meninos de outrora pela tua beleza corporal, mas sempre distante na tua timidez fruto da dominação dos conceitos morais.

Cresceste numa vida esmorecida e coibida de atrevimentos, aprisionada e recatada dos olhares masculinos que sempre te desejaram como mulher atraente elegante e misteriosa.

Toda a tua vida foi um paradoxo entre o teu mundo imposto de lugares e sonhos proibidos e a vida real feita de sentimentos e emoções, de desejos impuros na celebração da vida com sensações fortes.

Hoje mulher feita de anatomia deslumbrante, de beleza invejada pelas próprias mulheres, mas com olhar cor de carvão, de coração vazio, de amizades perdidas, mas sempre com lutas nos pensamentos e com vontades de interpretares outra personagem, mas agarrada no martírio do acanhamento das amarras da exigência.

Atinges o limite da superação do controlo das emoções e como um equinócio solar, sentes o desejo rebelde de sentires no teu espelhamento o outro lado, a outra mulher que queres ser.

De olhar profundo na tua imagem, não na forma corporal, mas sim naquilo que tua figura do outro lado de lá sente e a liberdade ilusória que ambiciona, por excessos promíscuos do prazer e pecado do sexo. Sentes a modificação do teu corpo, os desafios de olhares em teus segredos, que ciosa de um novo renascer é pela ternura do tato de tua mão que desfloras teu cofre pela invasão dos dedos.

Sentes o acariciar de teus entrefolhos como se fosse o encerramento de uma vida mutilada, uma sensação brutal como se tratasse duma dentada na malagueta, o libertar forte do odor nunca antes respirado, a vergonha perdida nos teus dedos agora humedecidos.

Já não queres ver nada, mas sim sentir e provar este momento como um tributo ao teu corpo. Deslizas teus dedos pela tua pele deixando o rasto vermelho do teu íntimo. Teus mamilos enrijecem pelo pincelar de todo o teu belo corpo.

Tudo que sentes vai para alem da razão pois sempre foram injetados dentro de ti como praticas demoníacas e heresias, mas agora empolgada pelos estímulos, sentes os suspiros da redenção da sexualidade existente nesta tua libertação da inocência.

Deixas de ver o outro lado, agora alucinada constatas as vontades recetoras do teu interior que invadem teus pensamentos de voos e sonhos, sentes que não controlas tua mente que não existem barreiras de raciocínios e passas a ser comandada pelas tremulas sensações do desvario.

Impulsiva e alucinada tua mão incontrolada mergulha na concentração de tua vagina sequiosa de ser requintada, brincas sem qualquer freio e sem qualquer despudor nesta tua transgressão de comportamentos.

Ouvem-se no espelhamento os ecos de teus gemidos da felicidade, presenteias teu clitóris numa pressão consistente que termina no soltar pela primeira vez da porção sagrada, enquanto teus olhos deixam correr lagrimas de vida perdida.

Pulsante, arrepiada, tremula levas a mão á boca a provar o líquido divino e sentes um turbilhão de meditações dentro de ti, pensas em todos os sonhos e desejos nunca pensados.

Se pensas…logo...…o Criador de Desejos existe.

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