Liberdade suspensa...

Liberdade suspensa...

Rotinas diárias do quarto de loucos para a sala, em cenas disfarçadas, ora de pijama ou de fato de treino, um pouco moribundo e os espelhos parecem ter mais vida própria que a minha pessoa.
Mas, acordei um indomável sem freios, farto de abraçar o descanso, com erupções cutâneas obedientes para loucuras e visto-me a rigor para ser dono das minhas fantasias.
Escrevo apenas para ouvir o silêncio do íntimo gritar e soltar palavras que beijem o corpo como se tivessem boca.
A questão é quem escuta quem? Se a alma escuta o corpo ou vice-versa?
Difícil de mitigar a tresloucada gritaria entre ambos!
O corpo, escarafuncha a alma, encontra gavetas com músicas no coração, casernas iluminadas iludidas por amores, sensibilidades infinitas, poesias românticas no ar, aventuras amorosas e muitas pegadas dos princípios como ser humano. A alma, essa esmiúça o corpo, um labirinto de toupeiras vivas a roer as moléculas das adrenalinas, tresloucadas e ávidas de desejo em libertar o monstro delicado.
Conversas surdas da treta, faíscas que se mutilam, acendem e apagam, numa selva desértica de oásis pintados em obras abstratas.
Momentos penantes, de elegância imensurável, correrias desenfreadas que se esbatem em mortes lentas dentro deste parolo alegre.
Vestido a rigor, camisa branca, até o vício do relógio carrego hoje, preparado para encarnar num cavalo com asas e fazer viagens a lugares da ribalta, quando o sol está escondido pelo layoff.
Afinal puro engano, o karma é evitar socialização, ter forças de fé, esticar o pernil no sofá e ouvir vozes vindas do céu das amizades eternas. Não cruzo os braços e atiro flores “plásticas” criadas na estufa temporária, para os palcos de emoções que são agora as janelas da virtualidade.
Perdido nas ignorâncias pelos filtros da memória, não esqueço quem sofre nas solidões verídicas da fome, dos afetos de carinho e das palavras de esperança.
É nos momentos mais difíceis da vida que devemos ser ainda mais humanos pelos outros.
Portanto, há coisas que podem ser sacrificadas na vida, mas nunca as pessoas e nesta fase crucial das nossas gerações, devemos compartilhar e não lamentar desta liberdade suspensa.

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