Serão desabafos?
29 de Novembro, 2023
Tento incutir sempre nos outros uma energia positiva, ser quase um psicólogo virtual, que pela linguagem tenha o dom de transmitir esperança para novos momentos de felicidade. Mas nem sempre tenho a capacidade de me exortar, já que dentro de mim existem segredos da razão com rasgos negativos.
Dizem que a razão é uma obra de arte do humanismo e a eternidade não está ali na esquina à venda.
Quem me conhece, sabe que não sou de reticências. Nas emoções sou gelo a ferver e na partilha um sábio sem limites.
Tudo o que sou é feito das experiências vividas. Também tenho segredos, gosto de os confessar, mas as histórias estão guardadas na alma.
O corpo e a alma são as duas metades de mim, por isso sou intenso, choro de alegria e são essas lágrimas que fazem evoluir a minha sabedoria.
Gosto de olhar o mundo com o coração, de escrever poemas com rebeldia, mas por vezes as palavras sangram. Algumas dessas palavras até podem ser suicidas, outras simplesmente servem, para abafar a dor, mas amo as que repartem o amor.
O amor deambula em estradas perdidas com raivas escondidas, num mundo a resvalar para a falência. Sei que as rosas também têm espinhos e persistem muitas correntes de ar geladas a entrar pelas portas abertas dos ódios.
- As pessoas existem, mas onde está a bondade?
Com as amizades, cada vez mais descartáveis e os “cães” humanos mais raivosos, o fim poderá ser desastroso.
Hoje escrevo com a sombra da minha voz soluçada, impregnada de comoção, a tentar cantar aos loucos e poetizar às amantes.
Loucos, pois…
O mundo está cheio deles, quando eles deveriam existir apenas na poesia, porque a loucura faz parte do mundo dos poetas.
- Porque humilhamos os outros, quando podemos treinar o coração amar?
Os corações humanos estão enegrecidos e em luto, pela falta de humanidade.
Haja a luz divina com o dom para os iluminar.
Já não tenho a novidade da juventude, mas também não sou um passarinho morto, mas precisamos não só de paz nos cemitérios, mas também no orbe dos vivos.
São tempos estranhos, onde as desigualdades entre os tostões e os milhões se acentuam, com muitos a comerem o pão que o diabo amassou, quando deviam ser felizes e inseridos na comunidade.
Disparam mísseis, mas não tem dinheiro para colocar umas moedas na sacola das esmolas.
- Porque cravamos pregos no peito dos outros, em vez de colocar pensos para curar as feridas?
Talvez porque a hipocrisia seja o analfabetismo do cérebro.
Gostava de ser uma acendalha para acender fogueiras que alimentem o amor e por isso procuro frequentemente as chaves da humanização.
Serão desabafos? E tu também tens desabafos?
Respeita os direitos de autor.
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