Ímpetos inspiradores...

Ímpetos inspiradores...

Os olhares foram constantes, a viajarem com asas por cima da mesa, enquanto por baixo os pés se abraçavam. Bastou entrar que senti que preparaste tudo ao mais ínfimo pormenor. As luzes, a música envolvente, as velas que acompanharam cada degustação do apetitoso prato, acompanhado com o vinho, Terras de Demo.
Precisávamos, a pandemia foi cruel, criou barreiras dinamitadas até para os nossos encontros fortuitos.
O jantar foi extremamente romântico e os flûtes foram gatilhos para despoletar novos desejos.
Sabes que sou um mortal sonhador e amo vestir-me de poeta em busca de renovadas inspirações.
Pegas-me pela mão, levas-me para a sala e na minha crente candidez, deixo-me algemar, enquanto sussurras docemente: as tuas mãos serão os olhos.
Desligas a iluminação, deixando apenas ligado um candeeiro de pé de luminosidade amarelada, transformando a sala num cenário para euforias insanas.
Surges envolta num fumo fantasioso que fala e rapidamente sou consumido por gritos que despertam os cinco sentidos e por arrepios que atordoam mais que o álcool ingerido.
Trajada com a batina de pecadora, elevada pelos enormes tacões, desfilas suavemente pela enorme carpete cinza, a tresandar a perfume das tentações.
Emocionado, viajo numa velocidade voraz, com desejo de soltar as algemas aos demónios e rasgar todas as portas da fantasia. E, amarrado, subjugado, relembro as tuas palavras: as mãos serão os olhos.
Deixas cair a batina e a arrebatadora lingerie preta assedia a minha mente, deixando o ego a bater palmas. 
Mesmo sem palavras, o teu corpo é malicioso, os seios sumptuosos e o rabo aclama pela lotaria das carícias. Com a ânsia de incendiares o meu lado mais estouvado, inicias uma dança pornograficamente excitante no sofá em chamas.
Sentado, algemado, com vista para a janela da felicidade, as hormonas do prazer libertam sensações ébrias de júbilo.
Com palavras de ordem, instigo as temperaturas febris, a tesões reprimidos para clímax’s da cumplicidade. Com cara de cão faminto, os olhares tentam abrir as portas da tua nudez transparente e fazem jogos de penetrações na pura ilusão.
Estás imparável, gesticulas movimentos corporais, soltas o soutien, dás liberdade aos bicos excitados dos ostensivos seios e abres as nádegas, até esfregar o esfíncter nas minhas pupilas.
Com gosma na saliva, de pernas trémulas, com o coração furibundo, respiro fundo, sinto os poros a soltar a lava dos suores e o sangue a rabiar no pénis pulsante.
Com gestos incessantes, continuas a escandalizar os santos de excitação e chicoteias os meus gemidos poéticos até atingires o fetiche, o derramar do sémen perfumado.
É o êxtase que corrói o cio deste animal insaciável e com o ar da sala inundado de odores sexuais, exclamamos beijos nas epidermes.
És mulher que faz misérias da minha imaginação, dois malucos com a mente brilhante e perversa, que rejuvenesce adolescências com ímpetos inspiradores.  

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