Simbiose na arte corporal…

Simbiose na arte corporal…

A minha alma é água cristalina e o corpo um golfinho. Mas, é a alma com os seus estados de espírito que conduz os tiques de perfecionista, que move os sentimentos e que intensifica os cinco sentidos apurados para veleidades arrojadas.
Todos os dias cruzas os meus pensamentos, ao longe já sinto o brilho e o balsamo perfumado do teu cerne interior. Nunca entraste no planeta azul, apenas vagueias como um vampiro de prazeres, talvez atiçada pela tua força sagaz de comer frutos proibidos.
Bastou sentires o armário deste mundo aberto e retiraste a tábua dos mandamentos para tua leitura e deixaste de ser uma alma anónima.
A tua ousadia era iminente e no teu baloiço com asas carregado de banhos de fé, abriste as portas para poderes espreitar nas frestas da fantasia.
O convite para visitar o teu atelier foi uma surpresa inesperada, mas confesso que fiquei curioso em poder inebriar os desejos enraizados da tua vivacidade.
Sou recebido ao som de saxofones na estufa a céu aberto das tuas criatividades para a pintura.
Pelo aspeto luzidio dos cavaletes, das telas, dos pincéis, dos colorantes, fico com a sensação de ternuras carentes misturados com fervores nas veias, por momentos suaves vividos no passado nas tuas confissões de beijos.
Por cima das nossas cabeças voam gaivotas de papel, um palco novo para mim, um teatro de fétiches de encantar, mesmo existindo uma surdez de sentimentos.
Vendas os meus olhos com um lenço apertado, debulhas as minhas vestes e atiras tudo para o túmulo dos corações.
Ousas usar os teus pincéis no meu corpo despido e sinto o arrepio provocado pelas cores do arco iris e o massajar do óleo com ruídos de tentações.
Parece que estou sentado na lua, não te vejo, mas no teu atrevimento encostas os seios no meu rosto e isso abre janelas para partilhar utopias.
Como poeta tatuo com a saliva na tua doce pele, pólvoras disparadas pelos exércitos da felicidade, enquanto tu pincelas com o tatear dos dedos molhados animais excitados pelo estro.
Sinto os milagres oferecidos estampados no teu corpo, o calor das tintas feitas de orgasmos a rabear pela epiderme e os rufares tremidos pelo arrombar da tua boca selada.
Mesmo vendado escrevo páginas de prosas, de poemas agitados, soletro canções como se fossem panfletos de sonhos e que ficam a fervilhar nos suores.
A malícia das carícias vulcaniza emoções e devassa os orifícios da jovialidade até jorrar e eclodir líquidos dos gozos recíprocos.
Pintas, ortografo, dás colorido aos desejos, gravo sonhos, um despique de salivas ardentes nas telas carnais, tudo numa simbiose na arte corporal.

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