Carrossel mágico...

Carrossel mágico...

As rosas têm espinhos e as estradas, buracos. As lâmpadas dão luz, mas as fundidas não acendem. Os sorrisos podem ser tristezas escondidas com uivos que matam.
Apenas alguns paralelismos que podemos sentir na carne e no espírito.
Esfuziantes na alegria, mas depressivos com os porquês do sofrimento.
Tenho sentido nos teus olhos manchados as lágrimas de sangue, sentimentos de morte no teu íntimo despedaçado. Não tens sido aquela luminosidade contagiante, mas sim uma luz moribunda das vivências perdidas.
Talvez uma fase de amores desencontrados na tua vida, bofetadas que tenhas sofrido no ego pela tua outra metade, mas que abriram feridas que estão a cansar-te pela indiferença.
Sinto isso nesse teu olhar de cão a ganir e no teu perfume descolorido.
O meu corpo, metade é físico e a outra parte não se vê, mas é feito de sensibilidades que estendem a mão nos gestos incondicionais de amparar.
Sinto o íntimo retalhado pelo teu mundo a preto e branco, quando ele era feito de cores ilimitadas.
Canto para ti, convites de suspiros para reviveres os brindes esfuziantes com ruídos em chamas. Precisas de mim nesta fase em que o teu corpo não tem dono, mas que a tua alma está algemada.
Aperto as tuas mãos famintas de carinhos com as minhas atrevidas como se estivessem a lançar mistérios do chamamento.
Atravessamos pontes iluminadas repletas de multidões na feira das alucinações e das adrenalinas em êxtase.
Provoquei o teu âmago desfalecido para preencher os teus silêncios numa viagem de carrossel como se fosse um cantinho do amor.
A música é estridente e o homem nos megafones, grita:
- Mais uma corrida mais uma viagem!
A velocidade é furiosa nesta diversão louca, um turbilhão de danças na roda gigante.
Soltas os primeiros sorrisos e lambo o teu ouvido com prosas na saliva.
Ficas um pouco eufórica e estremeces como se estivesses no varão dos prazeres.
As línguas tornam-se cúmplices nos beijos de ternura, as mentes excitadas e resvalas para facadas no compromisso com o teu amor.
Não sentimos a ira dos deuses, nem a raiva das estrelas, mas sim os voos na subtileza como se fossemos passarinhos, afinal somos apenas bons amigos.
A nossa amizade é feita de glórias transparentes, mesmo depois de termos pincelado os lábios com beijos de afeto, mas sem nunca perdemos a lucidez.
Apenas gestos expressivos nesta afeição que tenho por ti, ao ponto de ser um matador dos teus espíritos de mágoas.
Não fui um caçador de corações, nem um porteiro do inferno, mas um distribuidor de aconchegos neste carrossel mágico que devolveu à tua vida a serenidade e felicidade interior.

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