Teus abraços...

Teus abraços...

Poeiras de frio gélidas de afetos. Caravanas de egos envelhecidos. Moinhos de ventos com as velas rasgadas.
Tudo são autênticos buracos negros na escuridão, cavados nos cemitérios das distâncias.
Não é fácil, sentir as hemorragias a correrem como se fossem lágrimas de sangue.
Em cada poro, em cada gesticular dos lábios, em cada pestanejar das pupilas acendo lanternas da vontade de sentir os teus abraços.
Malditas sensações que corroem as dores no peito, tudo ânsias que formigam, carimbos que estão cravados neste corpo escorregadio. Não são saudades, nunca as vi no meu passado, nem quando estou acordado pelos sinos da excitação.
Eu sei que são apenas palavras que resvalam nos rubores da pele, sonhos molhados pelas tormentas das marés do vazio. Punições das sobrevivências na busca dos postigos de sonhos, momentos que castigam os pandemónios românticos, longe de ti.
Mas aqui estou, amarrado pelas tuas asas coloridas, pelos teus olhares que são laços de ternura num corpo de mulher.
Contigo são páginas de vida, és a outra parte do meu corpo, és o transladar da minha alma dos silêncios para as loucuras dos prazeres.
Pode haver entre nós refúgios dos corações, mas são sempre abençoados com as setas perfumadas do cupido. É no teu ninho que ouço a tua voz macia chamar por este caçador de fantasias íntimas. Talvez seja um despertador de sensações que te consomem por dentro, porque personifico momentos românticos ardentes sem fim.
Sou um hacker das tuas paixões, mas tu és as balas que disparam e acordam os espíritos com gritos de propostas atrevidas.
Umas vezes és a doce espiga de milho que alimenta o meu fulgor, a picadora de gelo nos momentos tórridos, um pote açucarado das colmeias de afetos.
Despertas carícias nas energias invisíveis, tonificas folhas escritas em cada beijo pelos teus lábios, como se fossem bónus de gozo.
Prazeres nesta corrida paralela lado a lado pelo acariciar dos teus seios, rotinas salivares nas malícias das tuas nádegas, pinceladas dos dedos na tua manteiga derretida dos orgasmos.
Choques dos corpos como se fossem tsunamis, entrelaçados nas mãos como se fossem apertos de coração, tudo sem controlo e sufocante.
Cascatas de suores, artérias molhadas, línguas partilhadas neste reencontro de corpo e alma, tudo carências dos teus abraços.

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