A noite faz frio, mas é de quentes sensações.

Há muito tempo que não íamos rever as artes circenses, sentir na pele os arrepios das acrobacias, as contagiantes palhaçadas dos mestres palhaços, aos ilusionistas da magia ilusória.

Fazemos o mesmo ritual de outrora, de mão dada e sorriso rasgado rompemos pela colorida tenda e ficamos na bancada mais alta. Incrível sentir a recriação visual e imaginária do mundo da nossa meninice, em que os dois íamos ao circo. Ainda lembro das tuas trancinhas da moda e a saia de folhos e eu com os sapatinhos pretos de verniz e meias brancas.

Mas, continuas lindíssima, bem mais sensual e sexy na forma ousada de vestir, em que teus olhos azuis sobressaem no contraste dos teus cabelos loiros.

Sentados e encostados corporalmente, não largamos a mão um do outro à espera do tão esperado momento.

A coreografia é feita de mil cores, as luzes em direções aleatórias varrem o ar que respiramos e os tambores a rufar com os trompetes no seu andamento rápido dão início ao divertimento.

Abrem-se as cortinas do sonho e a arena redonda transforma-se no chão sagrado para os artistas. O apresentador de roupa excêntrica dá as boas vindas ao publico e com sua voz forte lança o fascínio para o show.

Assaltados e possuídos na animação, surgem os acrobatas ao som estridente da banda. As luzes fecham-se como se estivéssemos a cair num precipício perigoso, mas o encanto do talento nos voos no ar, fazem-me viajar na fantasia.

O cortar da respiração na forma harmoniosa e equilibrada da entrega, recordo teu corpo que faz tremer o meu juízo na coreografia corporal das tuas caricias genitais.

Fantásticos esvoaçares que nos deixam de boca aberta e que me leva para os momentos de tua destreza extremamente erótica.

As palmas surgem a cada exaltação da mestria em palco e que nas minhas reflexões encontram simetrias nos gritos estridentes das arrebatadoras penetrações.

Os artistas nos incríveis desafios vão entrando e saindo, mas deixam sempre labaredas acesas de apoteose nas pessoas presentes.

Os palhaços são o ponto alto da miudagem, mas os adultos não se contêm nas risadas sem fim e que nos faz explodir em festa.

Os tambores tocam batidas de suspense que instiga ao novo número e que deixa meu corpo tenso, a contorcionista. Surge uma mulher de fato colado ao corpo que deixa toda a sensualidade feminina a nu, todo ele na cor da pele luminosa. Toda a elasticidade da sua obra de arte viva, nas posições corporais exibidas é uma verdadeira fonte inspiradora para voar em ti. Na tua leveza geométrica que sem rodeios nos períodos mais íntimos expões de forma escandalosa teu corpo, com a vagina aberta aos turbilhões de sensações que me fazem sentir um anjo no paraíso.

A banda toca na glorificação da artista, é como se fossem palmadas selvagens em coro nas tuas nádegas.

Cada artista faz arrepiar paralelismos no pensamento:

O engolidor de facas e espadas espelha a tua boca de segredos sagrados no requinte de deliciar e engolir o pénis.

O malabarista com os seus lançamentos ao ar dos bastões, contrapõem com a tua energia sem limites na manipulação dos brinquedos estimulantes em lugares proibidos.

O ilusionista um verdadeiro desafiador sem lei do desconhecido, mas é um retrato fiel das magias viciantes dos teus beijos, das enigmáticas obsessões hormonais dos orgasmos no mar de fogo das nossas paixões.

O treinador na domação dos animais ferozes são o pilotar do teu corpo de mãos algemadas em que os teus sussurros felinos tornam este teu único criador um carnívoro de teu corpo.

As encenações apoteóticas chegam ao fim, mas mordidos pelo encanto dos artistas, sentimos os espíritos dos nossos excêntricos pensamentos mordidos pelo encantamento.      

Sem perder a vontade dos intensos desejos, agarrados um no outro saltamos para a cama até perder o equilíbrio no vulcão das euforias deste circo de emoções.

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