Tu és amor...

Tu és amor...

Entrei discreto no novo ano, mudanças naturais à medida que criamos raízes da idade e assim também ficamos mais humanos na forma sensível de viver as sensações de euforia.
A juventude de outrora é bem diferente do estado de maturação dos dias de hoje, onde comungo mais sentimentos pelo tesouro imaterial. No passado as coisas eram sentidas entre os dedos como matérias sólidas, como símbolos da posse, como bens de prazer, mas hoje é com a alma que sinto, que absorvo, que alimento este ego ainda esfomeado de paixões.
Era assim que te via, era assim que te sentia, na base das curvas perfeitas, dos contornos delineados do corpo, nas referências dos rótulos da beleza. Tinha padrões formatados dentro de mim, daquilo que eras, daquilo que desejava em ti. A cor dos olhos, dos cabelos, a forma geométrica da boca, dos seios, do rabo…hooo o traseiro, esse tinha que ser desenhado pelas minhas próprias mãos em carícias atrevidas sem fim.
As sementes da razão foram germinando ao longo dos tempos no jardim suspenso em redor do coração e foram nascendo vínculos novos. Serenatas de beijos, cocktails de sonhos e aos poucos a jaula do animal dos desejos transformou-se num chão sagrado pisado pela tua contemplação divina.
Com a tua poesia, alucinaste este cético, conseguiste gritar mais alto que as vozes do diabo que zombavam dentro da cabeça e com o perfume da tua essência mataste este boémio que ficou ébrio na cupidez.
Nunca mais foste aquele pedaço de carne, aquela bomba sexual explosiva que saciava no sexo as tesões viciantes que exultavam as minhas alucinadas hormonas e que tomavam de assalto todo o corpo para diversões sexuais.
Varreste todo o meu ser com tempestades de sentimentos, contagiaste efervescências, purificaste esta alma, este espírito de macho faminto e mataste as fantasias abstratas que viviam dentro de mim.
Todos os dias fazes despoletar cios com brancura reluzente, com oscilações emocionais e por isso fiquei viciado no labirinto da tua alma que nenhum homem soube até agora desvendar.
Foste criada pelos deuses da sensibilidade num espelho de água, és mentora de inspirações, és gelo que derrete o calor do meu corpo, és chama que incendeia o íntimo, és mulher.
É neste mundo mágico que quero continuar a viver, contigo, com a tua luz, a tua aura de anjo, o calor da tua infinita doçura amorosa.
Vivo feliz por ti e para ti, nunca deixarei a minha boca ser domada pelas mordaças do silêncio, por isso cantarei sempre aos quatro cantos do mundo aquilo que és…indefinível.
Tu és arte viva, és a palavra passe do amor…
 
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