Conseguiria viver com 300 euros?

A pergunta foi feita por uma cidadã nacional de forma muito impetuosa, olhos nos olhos ao presidente da república portuguesa.

Furou o protocolo e, não se ficou apenas por esta questão, pois de forma desesperada e revoltada continuou:

“Porque é que o presidente não nos ajuda? Quem manda é o presidente ou o governo? Porque é que eu tive de assistir ao suicídio de um colega há uma semana? Porque é que nos tiram as tripas e temos de pagar tudo? Porque é que ajudam a TAP e os hotéis e a nós que somos microempresários não nos ajudam?"

Entre a forma como foi surpreso, o franzir das sobrancelhas e a inegável atenção do presidente, este atira:

“Porque os portugueses votaram neste governo. Diga aos portugueses para votar noutro governo".
O desespero vai muito para além da razão e as respostas, essas, tornam-se vãs de espírito racional.

A senhora continuou:

“Quer ir viver para a minha casa? Quer trocar comigo?”

Miséria e muita encapotada, num país denunciado por Rui Pinto.

Corruptos que lavam dinheiro ganho com a indigência de um povo mui nobre e trabalhador.

Governos despesistas na futilidade, desgovernados na casa que não é a deles, mas sim a de todos nós.

A nossa Pátria mãe!

Somos uma nação valente e imortal, com suor, sangue e lágrimas. Os nossos antepassados lutaram e marcharam contra os canhões, agora devemos lutar contra a corrupção.

É uma teia sem fim, em vários quadrantes da sociedade. Nem vou enunciar profissões porque todas são dignas. O que não é digno é ganharem milhões e mesmo assim, corroídos pela cegueira da ganância, roubam e corrompem com medo de não terem dinheiro suficiente para pagarem a entrada no inferno.

Felizmente sou um digno remediado, mas ciente que o destino da vida, nem sempre é uma linha reta, pois existem curvas e contracurvas e facilmente podemos resvalar e tombar na valeta.
Encoberto pela máscara cirúrgica, o presidente nem respondeu.
Talvez tenha engolido em seco, ou talvez consciente que infelizmente muitas pessoas nem esse valor tem por mês.
Mesmo assim, deixo a pergunta: conseguiria viver com 300 euros?
Vale a pena refletir nisso...

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