Desejos ilusórios....

Desejos ilusórios....

Não tem sido fácil adormecer, os carneirinhos não param de pular a cerca dos fétiches, talvez pelo facto do íntimo estar agitado pelas ondas de sedução que consegues transmitir.
Repousado sobre o colchão tento soprar ventanias na luz da escuridão e com os ouvidos de cusco tento escutar os teus passos no silêncio. Os candeeiros produzem faíscas que refletem um esbelto corpo na parede, que numa dança das sombras, sobressai o gingar do traseiro e que dá vontade de agarrar. Bem tento lançar o olhar de engate, soltar palavras na biblioteca em chamas, mas tenho a consciência que não passam de meros lampejos abstratos.
Fazes sonhar pelo sorriso, pela mistura explosiva de uma predadora impregnada de pimenta e um ar divinalmente angelical. Talvez sejas somente para quem aguente apostar, entre o pote de mel ou o casulo de abelhas asiáticas. Sou persistente, gosto de arriscar, de rasgar fronteiras e desenhar novas palavras de carinho no dicionário.
Com as fantasias dentro da cabeça a velejarem ao som do vento, procuro descobrir o fogo que existe no teu íntimo e esculpir com delicadeza esmerada a tua nudez. No ar esvoaça o perfume da tua essência, és uma mulher fogosa que provoca fascínio, encantamento e sem jeito, rezo baixinho blasfémias secretas para enganar o desejo.
Belisco-me, ainda estou acordado, mas o teu olhar felino reflete-se nas labaredas dos pensamentos eróticos, como se fossem entusiasmos que falam realidades envoltas numa colmeia de sonhos. Não estou a sonhar, muito menos a ter uma crise de sonambulismo, mas sinto os teus tiques sedutores a chamarem por mim, como se pudesse ser o teu visionário de pecados. Os olhos brilhantes, o corpo de violinha, o rosto a sorrir, tocam-me a alma e remexem o corpo com arrepios emotivos. A tua presença, pode ser apenas uma sombra, um fumo virtual, mas sinto-me um submisso ao teu domínio, um prisioneiro algemado no paraíso das malícias eróticas. Tento sair deste delírio, mas a epiderme está embriagada pelos vícios, de ânsias em borbulhar no jacúzi e com as mentes abertas, podermos ter conversas picantes que resvalem gemidos abstratos excitantes.
Entrelaçados numa teia nublosa, em desafios de pura sedução, como jogadores a esgrimirem palavras heroicas, desencadeamos ecos de estoicismo no colchão. Com as bocas a derreterem chocolate, algemados, tentamos sacrificar os suores na tentativa de beijos loucos, quentes e ardentes, mas somos abafados pelos soluços ofegantes da respiração.
O candeeiro não para de faiscar, de iluminar o brilho das sombras, como se tudo fossem meras fantasias, mas o ardor dos arranhões das tuas unhas cravadas nas costas, não são apenas dos desejos ilusórios.  
 
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