Blasfémias infames...

Blasfémias infames...

Temos uma relação de desafios constantes, sabemos que a vida é feita de loucuras e que não é infinita. Amamos ser ousados nos fétiches, de sacrificar sexualmente os corpos até exaustão.
Hoje é o dia da blasfémia, e gostamos de usar as datas comemorativas do calendário, como trampolim para atingirmos patamares de prazeres magnânimos.
Decidimos desafiar as leis do Belzebu, fazer da casa dele o verdadeiro báratro e deixar tudo emporcalhado com heresias sexuais. 
Num jogo de espelhos, vestes um vestido transparente, enquanto coloco sobre o corpo nu uma batina de padre e sem vergonha entramos em preliminares amorosos numa escada rolante que nos leva ao altar purificado do inferno.
Parecemos dois estouvados, a serpentear a cobra, prontos arder no inferno e profanar as chamas ardentes.
Feitos sacanas sem lei, tocamos os sinos a rebate, crucificamos o Belzebu na cruz e com ele a olhar para nós, dois ateus tresloucados, bates-me umas punhetas a duas vozes.
Com as velas do pecado acesas, o cheiro a incenso, iniciamos uma conversa erótica em hebraico, até o diabo ficar com uma tosse de esgana e jurar ave-marias.
Provocamos uma onda de choque, mas apenas atiramos milho aos pardais, porque os diálogos de sacrilégios, estão ainda para começar e só agora impregnamos as almas com odores da luxúria.
Como se fossemos, o santo e a freira de mão dada, com os candelabros de fogo arder, a iluminar as nossas sombras conspurcadas dos corpos suados, benzemos o forcado do Lúcifer. Neste arrepio ardente, ajoelhada em rezas maquiavélicas, travestido num lambedor de vaginas, exploro-te os buracos do prazer. Somos dois diabos arder no próprio inferno, onde o diabo suplica por penitências da redenção, enquanto raspamos as línguas nos sexos encharcados. Batemos com as mãos no peito, como se fossemos os filhos do Satanás e derretemos chocolate nas vibrações do clitóris em brasa. Com o teu rabo a escaldar, faço dele a caixa de esmolas, até ficares com o peteiro arrombado. As trancadas no esfíncter são sem misericórdia, o pénis afunda como um petroleiro no alto mar e provocamos um enorme tsunami.
Os vidros estilhaçam, o fogo alastra em labaredas descontroladas, pintamos as paredes com orgasmos, ouvimos o barulho dos sexos a desafiarem-se e abocanhas-me o falo, como uma engolidora faminta por esperma.
O mafarrico ainda crucificado, contorcido de vergonha, solta gritos de perdão e reza aos deuses para terminarmos as blasfémias infames.
 
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