Colocamos as máscaras…

Colocamos as máscaras…

Chego faminto de paranoias à tua casa e na porta o aviso: coloca a máscara.
Sabias que vinha, o tempo não pára, o momento alimenta o espírito e fico atónito com a surpreendente receção.
Pintaste a sala a preto e branco, colocaste nas paredes quadros com santos, anjos a voar pelos tetos, velas com odores a lascívia e no som vagueiam cânticos evangélicos.
Entro, tudo são sombras espelhadas da mulher diabo crucificada no chão, a escravizar liberdades
em movimentos de devaneios selvagens e preparada para rebolar no labirinto de demências.
Arrombo este esconderijo, como um endiabrado disfarçado, fico cego pela sedução e esbofeteio o silêncio com a sensibilidade tântrica. Uns vadios carentes, com as máscaras colocadas, provamos o champanhe com os lábios a gesticular imoralidades, os miolos fervem pelas confissões no ar e subordinados à luxúria iniciamos um bailado corporal. O teu corpo sem bússola é um mapa a explorar, a cinesia tem o diabo entranhado, estremecem tentações, insinuas perversões e acendes as luzes para excitações estonteantes. A mestria é cruel, envolta em dialetos de excitação, a língua serpenteia lambidelas a velocidades suicidas em redor do varão metalizado, as mãos deslizam pelas próprias coxas até fazer rosnar dentro do peito o lado animal. Esfomeados por pecados imorais, sussurramos palavrões escaldantes, sufocamos as cavidades bocais com beijos como bocas aspiradoras e afiamos os dentes para trincar blasfémias. As salivas da alma pingam, as queimaduras na epiderme ardem, os apertões nas nádegas em lava e caímos em overdoses de toques carnais.
Sôfregos, ofegantes em agilidades eróticas vergonhosas, rastejas como um crocodilo a roçar a minha epiderme, com malícias descontroladas, os seios indecentes desnudados conspurcam fantasias na minha boca, que pelos arrepios, tateio a lingerie toda triturada.
Os deuses pintados nas telas coram, tampam os olhos, as asas dos anjos rasgam-se e caiem como tordos no solo.
Os dedos abrem brechas, as unhas faíscam arranhões na pele pegajosa, lambedores sem escrúpulos saciamos as emoções dos poros molhados, enquanto esganas o pénis até às goelas, com mamadas sem tabus e acabas por chacinar masturbações até ao regalo dos espermatozoides.
Tresloucados nesta loucura do sanatório, o jacúzi encharcado com os berros do clitóris é um sumidouro de delírios para os sexos sem regras, para o clímax insano, as entranhas húmidas, um jogo descomunal de histerias das genitálias.
Submissa envenenada em orgasmos, vestido com o manto feito de sémen, soltamos gritos épicos de tesão com as máscaras colocadas…

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