Degustar os lábios…
28 de Outubro, 2018
Cada esquina, cada traço arquitetónico e cada ruela ou praça aberta fazem parte das fotografias que guardo na memória. Vejo e observo tudo na envolvência, para mais tarde recordar sentado no sofá de sonhos.
Tenho esta sensibilidade cravada na alma, tudo que me rodeia mesmo os silêncios ficam emoldurados dentro de mim. Umas vezes são carimbos de tranquilidade outras pastilhas efervescentes que não se dissolvem, mas que fervilham numa fusão surpreendente de emoções. Tudo serve nesta observância como futuros misteriosos envoltos em utopias mágicas, em fantasias reais e até em desejos inesperados.
Surges do nada com teu pedido de uma foto, a paisagem por trás de ti é deslumbrante, uma praia de sol radiante a espelhar nas ondas do mar. Entregas o telemóvel pronto a disparar, tua voz é meiga e carregada de ternura em palavras soltas avulso enquanto te esmeras na pose. Meu olhar recai em ti, tens o corpo da escultura com arte, entregue nas calças brancas justas e ao top preto que deixa teus ombros descobertos. Tua pele é pura seda tricotada, teu olhar caçador de atrações masculinas, teus cabelos pretos soltos contrastam na cor vermelha dos lábios. Estás pronta no sorriso, mas foco o zoom na adoração do contorno deles. Sinto rodopios aleatórios, um frio ardente na prova de um molho picante, que teu sorriso e gestos labiais na candidez fazem flamejar ereções. Esperas pela foto e nem sonhas o transtorno momentâneo daquilo que penso.
As sublimes cavalgadas em teus lábios rasgados e labores rebeldes que quero testemunhar num romance privado de sensualidade. Questionas se já tirei a foto com olhar de empatia, num intercambio de audácias. Inebriado, disparo vezes sem fim as falésias de fascínios de teu corpo, que o apalpo todo num olhar atrevido. Teus gestos de sorrisos escancaram o secretismo dos teus pensamentos felinos e incitas ao convite. O clima tem todos os ingredientes para uma proposta que nos leve sem pudores para o recanto da intimidade, neste assédio de ambos e com tabus abertos. Entre nós surge uma corrente elétrica, palavras de fogo neste jantar de conhecimento mutuo, mas não ficamos algemados nas palavras nem nas sensações. Temos a coragem de espíritos irreverentes e entre cada garfada, soltamos as tranças da língua no fabrico de fetiches escondidos. A mesa recatada no cantinho dos prazeres, tuas mãos quentes, ousamos provocações em palavras de fogo, que por vezes roçam o selvagem. O vinho tinto é explosivo nesta nossa dialética feita de línguas, em que para mim teus lábios são o carburante de santos e pecadores. O calor, o charme, a sedução desta química enérgica sem limites, leva nossos corpos aos lençóis, onde os gemidos são os escravos do prazer e as mordidas contagiantes. Desejosos de vícios do delírio abocanhas o membro com o vulcão da boca e o endeusas em punições de exaltação e superação. Sinto tua saliva louca e numa posição de prazer a dois, provo o sabor a malagueta de teu ninho vibratório. Ambos arrepiamos nesta mortífera entrega, soltamos gemidos exuberantes da tortura do prazer até os lençóis ficarem retorcidos.
Tua boca, teus doces lábios recebem as carentes ejaculações enquanto me presenteias com o teu fontanário de orgasmos.
Posso ser fervoroso no contagiar, mas tu és vulcânica e teus lábios uma embaixada das devoções e desejos.
Neste frenesim gustativo senti as pernas trémulas e vi teu sorriso provocador, onde não escolhemos a música, mas apenas o jeito de dançar.
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