Desenhar a essência...
12 de Março, 2025
Acordei inspirado, com o ego iluminado, com vontade de ousadias poéticas e de espalhar a magia da irreverência.
Fui buscar o cavalete, uma tela em branco, peguei nos pincéis mágicos, na tinta com as cores da imaginação e com as mãos incontroláveis, deixei-me levar pela inspiração dos sentimentos.
Na abstrata ilusão da tua companhia, despi-te totalmente e comecei a fazer propostas indecentes à fantasia e às tentações do coração.
Para mim, és tu que estás no altar, no cenário iluminado, com o ambiente num silêncio propicio a poder captar os sussurros e os arrepios da tua divindade.
Levo os pincéis ao alto, como se eles pudessem ser benzidos pelos deuses e num voo rasante, rabisco suavemente com a delicadeza que mereces. Os olhos da imaginação, estão sobre ti, e são eles o guião dos gestos incondicionais que as minhas mãos impõem nos pincéis.
Com o coração a ribombar no externo, a fervilhar a cada traço, sinto o bater forte dos arrepios, são como tornados entrelaçados nas veias. Sinto alterações em mim, o calor é abrasador a esturricar-me a pele e a testosterona a jorrar como um vulcão descontrolado.
Quero pintar-te na tela, não pela tua nudez, mas pelo perfume da tua índole, para depois ficar horas sem fim a olhar-te com ar angelical e desvendar os segredos das nossas virgens confidências na cama.
A inspiração vem de ti, a motivação vem de dentro de mim, que escondido nestes silêncios, falo sozinho na ânsia que escutes os labirintos dos mistérios da paixão.
A tela aos poucos se compõe, pelo menos os aromas da tua sensualidade feminina já esvoaçam no ar e as poesias brotam dos poros como formigas a saírem debaixo da terra.
Pareço um poeta disfarçado de pintor à procura dos verbos, das palavras imaculadas e translucidas para exprimir o amor por ti.
Falo à parede, pego no pincel embebido do vermelho vivo e sem pudores, no quadro, gatafunho, movimentos bruscos, gestos carregados de simbologia obscena, para espelhar com resplandecência o teu glamour e desenhar a essência.
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