Deusa (divina)...

Deusa (divina)...

O atual momento é extremamente exigente devido à pandemia global, a socialização humana foi proibida na essência mais profunda, como os afetos e o planeta azul não é exceção.
Mas, nem as estrelas deixaram de ser brilhantes, continuam a habitar neste paraíso da harmonia e do amor. Casa uma delas repousa no pedestal, distinguidas com o nome (deusa) de batismo recebido à entrada neste admirável mundo.
Todas são iguais pela diferença, desde a transparência da alma, à exuberância venustidade do corpo e foi pela génese que encarnaste na deusa das deusas.
A saudade não faz parte do vocabulário sentimental do Criador, mais que a ausência é a vontade enorme da tua presença.
Ainda recordo, o dia que chegaste descalça, com a tímida nudez, demonstrada na pigmentação da pele e a espontaneidade do sorriso espelhado no rosto duma boneca de porcelana.
Abri a porta, foste recebida com a nobreza da minha mão e pelo toque senti que escondias segredos para iluminar inspirações.
Disfarçada de anjo, fostes desvendando o quanto és uma camaleónica endiabrada, trazias como senha um trevo da sorte e atiçaste a colmeia.
Vagueias constantemente no pensamento, como tráfico de amores e fico aqui na capela das rezas nesta empatia imparável, sentado a admirar a excelsitude da tua beleza.
Devido ao confinamento, estás embalsamada em perfume, coberta por um manto vermelho, carregado de rosas sem espinhos e fico a escutar no silêncio, o teu coração a transvazar pureza e amor.
És pretérito perfeito, mas sinto-te no presente com ânsias do futuro e aqui prostrado, numa química sorridente de olhares, recordo cada instante em que usamos e abusamos de corpo e alma.
Soubeste espreitar o lado erótico do Criador e acabaste por sentir na carne e no ego, o animal insaciável que existe dentro dele.
Abriram-se os cadeados da cumplicidade, criou-se uma teia de calafrios na espinha e com palavrões de fogo escorremos suores da paixão.
As mãos com malícia, escorregaram como matadoras de prazeres na epiderme, as linguagens obscenas alimentaram as excitações até ao limite dos loucos orgasmos acelerados.
Ainda sinto os pelos púbicos encrespar, pela ilusão dos teus beijos arrepiantes nos sacos genitais e as chupadelas com mestria no vulcão, até regozijares com a lava na boca de diva.
Recordações, um doce amargo de tempos felizes, mas por debaixo do manto vermelho, tens no corpo as marcas maliciosas dos beijos, das submissões descontroladas nas nádegas e a saliva tatuada nas entranhas.
Sustento com fulgor as vontades, ainda são delirantes, que se fossem pecados já tinha sido crucificado.
Escrevi no hipotálamo, no mais ínfimo pormenor, os deboches carnais, as penetrações selvagens nos duches de esperma e dos “squirting’s”, com a vagina a suplicar pela voz da humidade, “Por favor fornic@-me”.
Guardo na língua o odor dos beijos no esfíncter, bagunçado pelos dedos, alternado pelos delirantes deslizes do pénis, na estrada de fogo durante a sodomização do orifício retal.
Estamos num sono, adormecidos, à espera do bisturi cirúrgico para abrir o peito e explodirem novos salpicos para amar.
A teus pés, a citação gravada com o nome de batismo, Deusa do Amor (deusa divina).

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