Elegância da alma...

Elegância da alma...

Num silêncio corajoso, sem sinceridade das falsidades, travestido de orador do purgatório, sinto a necessidade de escrever novas folhas em branco. Nunca gostei de livros por acabar, são como cofres vazios, onde apenas imperam buracos negros.
Hoje quero abrir o manual do coração, não do meu, porque esse está guardado a sete chaves num abrigo escondido. Quero desabafar, abrir o coração a algo mais sublime, a alguém criado com a divindade de Deus, a mulher. Ela, é como um tabuleiro de xadrez, cheio de locais encantados, onde cada movimento deixa um rasto perfumado e acaba num xeque-mate ao rei. É a fragrância da alma feminina que quero inalar e deixar-me hipnotizar, sem coelhos na cartola, nem varinhas mágicas e com ele purificar este magnifico Planeta Azul.
Pego em mil folhas A4, peço à orquestra dos anjinhos para recriarem as melodias do amor, coloco espelhos coloridos no céu e espero que o cupido encontre um milagre perdido.
Num redemoinho de espíritos, surge um duende do bosque, a anunciar a chegada de ventos celestes e o fim do eclipse solar.
As pegadas são suaves, deixam rastros de estrela-cadente, o sorriso como cartão de visita no rosto e um olhar evangélico. É uma diva que mergulha pelas sombras multicolores, com um vestido de princesa e com uma cintilante pureza divina. Com uma magnificência inexplicável, transforma as trevas numa floresta encantada. Rodeada de borboletas felizes, metamorfoseia tudo em redor, criando o cenário idílico numa manjedoura dourada, iluminada pela luz primorosa, só ao alcance das deusas da fraternidade.
Embebido no sonho pela pulcritude pincelada na minha íris, com o corpo em rodopios incontrolados, entro num turbilhão de delírios e como se transformado num cavaleiro andante, tento decifrar os labirintos do seu íntimo.
Falo ao desejo, tento acalmar o corpo sussurrando à sofreguidão, mas os batimentos cardíacos ficam frenéticos e a tensão arterial bate a escala. Quero cantar elogios cândidos, mas nem com a boca cheia de palavras, os lábios os conseguem soletrar, apenas libertam beijos voadores. Sinto-me no capitólio do sonho, só o facto de estar na minha surdez de sentimentos, aqui a beijar os teus pés, com a lua sorridente e os ecos dos sussurros dos deuses como testemunha, fazem de mim um agraciado.
Avanças num bailado de liberdades, soltas pequenos lampejos de sorrisos, como se eles fossem uma virtualidade aberta a paixões e num gesto etéreo, batizas-me com banhos de fé.
Parece que bebi o soro da verdade, com as sementes da alucinação diluídas e num gesto incondicional abro as gavetas do amor e apenas encontro emoções anónimas da elegância da alma.

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