São vários os relógios pendurados na parede da sala, mas sentado no restaurante, apenas observo a ampulheta do tempo e fico a contar cada grão de areia que cai. É uma espera ansiosa, em que a máquina do tempo parece não ter vapor suficiente para fazer disparar a imensidão do desejo, da hora do nosso ambicionado encontro.

Surges esbelta, sexy, num vestido vermelho-escuro, com um decote ousado e os lábios pintados a condizer. Pareço bruxo, mas não sou, apenas sei ler os teus requintados gostos e trouxe uma fita aveludada no bolso, da mesma cor, vermelho-escuro.

O jantar decorreu de forma romântica, com algumas hesitações tímidas, mas que aos poucos se tornaram em provocações maliciosas pelas vozes que esvoaçam entre nós.

Convido-te a vires à minha casa e nem precisei da resposta verbal, os teus olhos não são monólogos, têm o brilho da sedução e sinto-te faminta de pecados ardentes.

Antes de entrar no apartamento, vendo-te os olhos com a fita, agarro-te pela mão e sinto o fervilhar da pulsação, são verdadeiros trovões de tempestade. Sussurro-te obscenidades ao ouvido, mordisco as orelhas, lambo o pescoço e soltas pequenos gemidos de delírios. De olhos vendados, os pensamentos ocultos, ampliam a secura na boca e as chicotadas dos lábios em beijos desafiantes, despertam vulcões adormecidos. Retiro as alças dos ombros e faço cair o vestido, deixando a tua nudez a descoberto e cego pela formosura corporal, violo os seios com lambidelas salivadas, enquanto inundas o quarto com o rebuliço dos gemidos. Palmilho as costas despidas, aperto as nádegas macias e os dedos deslizam na cueca suada. Com as línguas a patinarem nas epidermes, eternizamos emoções e começamos a matar prazeres eróticos e excitações incontroláveis.

Os teus lábios espelham rascunhos de perversão, abres-me o zip das calças, usas a boca para dialogar com o pénis e delicias-lho pela mestria, com cada sílaba impúdica. Rasgas a minha camisa e sem tabus abusas de cada poro do meu corpo, fazendo explodir os espermatozoides através das loucuras da boca. 

Semeias seduções, imolas os sexos em chamas e pedes com a voz embargada: por favor, enlouquece-me, deixa-me trémula e sem o nexo da razão.

Com o clitóris vibrante, esvaem-se pingos de mel, são dádivas para a minha boca insaciável e com o membro teso a invadir a vagina encharcada, soltamos suspiros profundos e impulsos selvagens. A sintonia dos choques dos sexos, são uma orquestra tocada pelos instrumentos da paixão e onde o maestro é o calor do desejo.

Suados, molhados, ofegantes, e com orgasmos incontidos, rasgamos a imaginação com palavras soluçantes, nesta nossa interminável envolvência intensa.

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