Gavetas de emoções...

Gavetas de emoções...

Os silêncios não são vazios porque estão repletos de respostas. Os armários do tudo, nem sempre contem posses tangíveis, por vezes tem os arquivos dos equilíbrios emocionais. Cada um deles inclui os seus índices, as suas formas de armazenar as emoções como se fossem guias espirituais. Os buracos negros, as batalhas constantes nos presságios de desconfianças, embriagaram meu ser nas angústias. Não sou uma escultura de pedras gélidas, mas um poço de sensibilidades. Não guardo rancores nem ódios, mas sou feito de interiores com alma pendurada nos trapézios. Em transe nos pensamentos da serenidade stressante, minhas ilusões de reflexões de vida tornaram-se anémicas e deixei-me vestir de fugitivo do vazio. Os vampiros alimentam-se dos dadores de sangue e os abutres da alma dos puros. Não soube ouvir os silêncios das nuvens negras e cai do cavalo como um príncipe perdido. Dia a dia vi e senti as gavetas de sonhos de vida a fecharem e mergulhei nos mares da angústia. De sorrisos enganadores no rosto e de olhares distantes. Nas alegrias inóspitas fui descendo lentamente as escadas do inferno com o roer silencioso dos sentimentos. Bati com estrondo na dor da perda quando perdi a luz do sorriso do teu espírito esfuziante e sem ti todas as gavetas se encerraram de vez e deixaram apenas de fora palavras queimadas escritas na alma. 
Tu és o meu tesouro.
Tudo se estava a esfumar, a derreter lentamente não pelo repouso corporal do guerreiro, mas pelas ementas deprimidas que a consciência estava a degustar.
Tudo se tornou numa espiral de rotundas sem saídas e de lágrimas de choros do nada.
Não sou de acenos de saudades, mas sim um touro nas marradas na entrega de corpo e alma.
Posso esfarrapar os joelhos das caídas constantes, suportar as dores no peito das mágoas perdidas pelo amor próprio, mas nunca sem ti. 
A noite fez-se luz, a esperança florida e tudo em mim renasceu com o ressurgir do teu olhar da vivacidade, do teu sorriso que abraçou o meu ego e o cobriu de nuvens brancas.
A fortaleza tinha cedido e aberto brechas nas paredes rochosas, mas o gladiador não sucumbiu nesta caminhada penosa.
De espada em riste arrombo cada fechadura dos castelos abandonados, estouro os cadeados gaveta a gaveta até soltar os balões de oxigénio que me farão voar nos desejos da alegria.
Quero e vou reconquistar o trono do equilibro nesta reconquista das chaves das gavetas emocionais.

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