Imaculada mulher...
06 de Fevereiro, 2020
Nos últimos tempos tem sido galopante a velocidade feroz dos ponteiros do relógio, sinto-me como uma floresta a ser consumida pela brutalidade das chamas. Não tem sido fácil escutar as vozes dos ecos que sopram todos os dias neste planeta azul. Tudo tão veloz que as conversas entre o Criador e a própria alma, parecem conversas surdas entre o roto e o nu.
Procuro a ressurreição da minha parte espiritual, reencontrar o anjinho pecador que se esconde dentro do peito e decidi vir até aqui ao jardim de flores que mudou a minha vida.
Foi aqui neste paraíso que tudo começou, num dia de céu aberto em que este humilde apóstolo dos deuses sentiu a sede da tua alma e a fome do teu corpo e que acabou de mãos dadas a ti.
Olho a porta deste reino encantado, os murais pintados com as cores da tua beleza, enquanto atiro setas do cupido ao céu e estouro a garganta a cantar poemas de amor.
Ao longe ainda caiem estrelas brilhantes no lago de água turquesa, que iluminam esta floresta verdejante e nascem borboletas impregnadas de perfume. Tudo sinais que algo aqui aconteceu de sublime e indescritível. Espalho rosas vermelhas sem espinhos, rego os canteiros com saliva dos prazeres e fico na ânsia dos silêncios.
Entras a voar pela porta imaginária como se fosses uma ilusão, afinal os anjos já não voam, mas tu voas na subtileza das asas da tua essência divina de mulher, a deusa das deusas.
É o teu sorriso que alimenta o ego deste pobre poeta, deixas-me sempre com tensão nos dentes, de queixo caído e fico eternamente a recitar prosas com aromas a mel.
Descalça, caminhas em direção a mim, deixando um rasto perfumado da procissão duma romaria santa e fico a relembrar o dia que entraste diretamente no meu coração. Continuas a atiçar instintos de jogos de sentimentos, nesta nossa, transcendente arte de amar. Desde que entraste que fechei o cadeado, atirei a chave ao infinito e nele permaneces alojada a tocar os sinos do amor.
Hoje trazes as mesmas vestes do primeiro dia, o esplendor da forma corporal, a luz no olhar, a brancura celestial dos tesouros escondidos da tua pureza angelical.
Mesmo sem asas permaneces neste planeta azul como a imaculada mulher…
Respeite os direitos de autor.
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