Proposta indecente...

Proposta indecente...

Preparei tudo no segredo dos deuses, reservei um lugar especial e mandei para ti uma mensagem misteriosa: “Seremos submissos da heresia”.
Apareces deslumbrante num vestido preto, um decote a deixar transparecer toda a sumptuosidade dos seios, o cabelo esticado, de sapatos pretos com tacão alto e o perfume rapidamente invade o interior do carro. Nem sonhas onde vamos passar os próximos momentos e muito menos a espiral de insânias. Ainda tentas perceber algo da mensagem, mas já me conheces pelo olhar, que espelha um rosto depravado. Quando estou assim, o silêncio são as palavras que falam perversões.
Chegamos e somos recebidos num verdadeiro palco erótico. Elas sensuais em lingerie, eles com fatos pretos e todos de olhos vendados. Somos brindados com umas mascarilhas de rosto, um saco com objetos e um pequeno cartão com o número da divisão. O corredor reflete um lugar intimista e reservado para a imaginação fluir em milhões de puzzles, onde esvoaça pelas colunas sonoras o som do trailer 50 sombras de Grey.
Número 80. Abrimos a porta, as luzes das velas dançam sombras na parede, os quadros pendurados vincam ilusões de cenas escaldantes, que resvalam suores nos espelhos magistrais e a música incentiva ecos de gemidos.
No saco oferecido, os objetos são afrodisíacos, máscaras, vibradores, plug anal, bolas chinesas, algemas, lenços de seda e outros para delírios sem limite.
Os olhares transpiram malícia, pingamos seiva com desejos obscenos e preparados para deixar o fogo queimar a pureza da alma.
De máscaras nos rostos, iniciamos abruptamente o desassossego frenético do real, famintos por sermos infetados pelas adrenalinas pornográficas.
Debruças o corpo na poltrona, levanto-te o vestido a rasgar, tiro-te as cuecas com os dentes, dou a salivar as bolas chinesas e meto suavemente as duas no teu rabo apertado. Gesticulas gemidos labiais e os pensamentos doentios libertam odor dos poros a gritar que estás pronta para um turbilhão de permissões.
Escancaras a boca na recetividade a blasfémias do meu sexo, enquanto sacio as tuas nádegas num bailado entre palmadas estrondosas e beijos tântricos. Os dedos deslizam cada pincelar de tesão da tua pele, enquanto tocas a rebate o clitóris em chamas. Puxo devagar as bolas chinesas e alterno com o plug anal dourado. Uma tocadora de masturbações, fazes-me engolir em seco e fico ávido de provar o teu orgasmo que escorre pelas coxas.
Estendes as mãos atrás das costas, algemo-as, com um lenço de seda e entramos na zona em que a mente oculta as nossas loucuras, mas que o corpo vai trepidar desatinos. Meto os dedos na tua boca esfomeada, penetro a tua vagina com estocadas profundas, incessantes e dilacerantes. Ofegantes, esgazeados, animalescos, explodimos em gigantescas torturas de ereções. Possessos na excitação, entrelaçamos os corpos escorregadios no sémen tatuado na pele e alterno no teu ânus o plug e o pénis pulsante num mesclado de dor e prazer. Autênticas caneladas nos perfumes que trazíamos, substituídos pelos odores nauseabundos da carne assada pela lascívia sexual.
Hoje, nem chegamos a ser alma, apenas somos corpo, gritamos, gememos e uivamos como lobos tresloucados pela presa…
Não descambamos, não vamos ao tapete nesta chacina das hormonas corporais e neste labirinto de regozijos orgásmicos, onde as horas seguintes são heterodoxias aos deuses.
Submissos, escravizamos o próprio diabo, nesta intensa proposta indecente…

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