Palavras para ti...
22 de Agosto, 2020
Ganhei coragem para soletrar palavras da alma, ela aplaude e vivo como um príncipe feliz.
Nem sempre foi assim, já passei pela caserna escura, com poucas luzernas na moleirinha, flipado dos cornos com os neurónios fundidos. Uma gaivota ganzada com vários nós na garganta, na busca dos risos da memória deste menino traquinas e dos rebuliços que atormentavam os sentimentos.
Viajei no olho do furacão, espreitei o inferno e quando fiz o juízo final, era tudo, ilusões psíquicas.
Não apaguei as marcas do tempo, mas retirei os pregos cravados de ferrugem e guardei os esqueletos dentro do armário.
Agarrei a bravura atrevida, vesti-me de medusa colada à vida e apaixonei-me por ti, Mulher. Carreguei as canetas com tintas perfumadas a cores e deixei-me voar na aventura, amarrado às borboletas.
Homem de honra, genuinamente carregado de novos sonhos, vergado pela sedução, liberto a pressão interior com dialetos até à exaustão. Um vulcão em erupção, impulsionado pelas criaturas vulcânicas que fazem suar pela malícia nesta estrada, que chamamos de vida. Vivo intensamente cada segundo, até culminar em excessos e polvilhar as tentações com malaguetas.
Aqui estou, ao luar, com o lápis na orelha, sentado na poltrona dos vícios, nesta varanda aberta aos prazeres e transporto no peito os livros imaginários deste paraíso misterioso.
A imaginação é uma roleta russa no cérebro, bate forte, principalmente porque arrepio ao toque, ao beijo e dou o peito às balas na entrega de corpo e alma.
Deslumbrado por ti, a minha boia salvadora, deusa do encantamento, deixas este papagaio destravado e a escutar com as papilas gustativas as músicas de amor do teu coração.
Tudo que escrevo é para tatuar a tua alma, para fazer vibrar as emoções à flor da pele e injetar nas veias a loucura, até contaminar o sangue com desejos.
Agora, estou só, aqui a transpirar efervescências saudáveis no hipotálamo, ouço os sinais do corpo a hastear a bandeira do amor, enquanto curo as feridas abertas da autoestima e unicamente choro de felicidade.
Mulher, não és um troféu conquistado, és o calor suado da glória que invadiu a paz desta alma, o fruto desejado, a cumplicidade proibida, o ardor malicioso, o enigma das provocações.
És a minha poesia aveludada, nas palavras para ti.
Respeita os direitos de autor.
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