Provação do Criador…
14 de Setembro, 2018
No cavalete repousa a tela celeste feita na mais pura lona crua, uma “jute” que apenas é fabricada pelos deuses da sua criação purificada. Nela vão passar os rabiscos das pinceladas dos pincéis de pelo de marta, utilizados com requinte pelas mãos mágicas do Criador.
É na visão abstrata do jardim do encantamento que pinto, sempre em traços trajados de ambiguidade, mas com profundas leituras das ninfetas mais puras. A inspiração emana de cada pétala, de cada botão das flores que floresce neste jardim. Elas libertam os perfumes da mulher mais bela, da mais pura no seu interior límpido da atração imperdível como se fosse um banquete da tua libido.
Na mão esquerda suporto a paleta com as cores do esplendor, na direita o pincel pronto a serpentear cada traço definido pela minha intuição. Respiro fundo, fecho os olhos por momentos e deixo-me por segundos voar no chilrear dos pássaros coloridos. Ergo o pincel ao alto como se brindasse ao divino e no momento de a pincelada preambular tocam os sinos do portão. O toque exasperado invade meus ouvidos num zanzar demonstrativo da tua excitação, da ansiedade que carregas nas mãos pesadas pelas carências desejadas, pelos caroços entalados no peito da angústia do cio.
Pés descalços, mas coberta pelo vestido branco transparente que exulta os calores dos meus olhos, fico como um apreciador babado da tua carne. Pareces uma boneca insuflável que chegas como um bebé no voar da cegonha, mas teu olhar sequioso demonstra a efervescência do teu ninho na vontade de viajar na montanha vertiginosa do sexo.
Estupefacto pelo desligar repentino dos sentidos puros, sinto os espasmos do desejo na tensão crescente do membro, o formigueiro do mar revolto na fome como se olhasse o menu dos fetiches masculinos. Mas tu carregas contigo as insónias dos vícios dos monstros sexuais, tua carne fervilha numa bola de fogo, ávida da mangueira incendiária.
Consegues espicaçar meus touros adormecidos, que pelo trespassar do teu punhal erótico os tornas enraivecidos. Não quero ser o coveiro dos teus sonhos, muito menos fazer o funeral das tuas aspirações. Rasgaste as amarras da minha pureza e cais de joelhos, com tua boca dedicada em carinhos penianos como se estivesses perante o altar do perdão. Sinto tua boca a hidratar todo o meu músculo tenso e minha alma a rebolar a pique pelo jogo sexual.
A dedicação e mestria de tua boca, faz-me sentir o rei adorado na quinta dos prazeres, teu corpo entregue como se fosses minha num condomínio reservado. Abraço teu corpo como se fosse um polvo agarrar-te e entramos num puzzle de beijos.
De vestido caído nos pés, solto os freios da língua e numa destreza mergulhante percorro todo teu escadório do pecado puro. Sentes o pulsar dorido dos teus bicos mamários, teu corpo arrepiar nas fricções da língua a engomar toda a tua pele. De pernas abertas minha boca derrete teu clitóris ardente até provocar cefaleias em tua alma. Soltas gemidos satânicos, impedidos pelos meus dedos na tua boca, onde provas o sabor do teu tsunâmico orgasmo.
Carnes sagradas, mas carnes cravadas pelos sexos em cavalgadas ao sabor do vento pelos prados da lascívia. Tresloucados nesta sexualidade extrema banho tua greta dos prazeres, onde nossos líquidos ejaculados se pincelam um no outro. De mãos dadas ficamos caídos imaculados como algemados um no outro pelo desejo, como se cada um fosse a bola de ferro do outro.
Respeite os direitos autoriais
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