Júbilo de fétiches...

Júbilo de fétiches...

As fantasias são um baloiço com asas de anjo que rapidamente se transformam numa cadeira de emoções do Belzebu. Sabes como iludir-me o ego, os teus silêncios falam dicotomias desafiantes e cada palavra que soletras é impregnada de ousadias tentadoras para o meu instinto carnal.
Entras no carro, tiras as cuecas com um perfume peculiar, o aroma deixa-me envenenado até ao osso e nem dou atenção ao vestido justo e curto.
Partimos desgovernados pela noite, iluminados por uma estrela cadente, com a mala carregada de malaguetas e licores da felicidade. O inferno está cheio de boas intenções, mas preferimos cair no oásis dos desejos em perdições. Travestidos da loucura, sem medos de rasgar as almas e sem despudores dos limites dos corpos, entramos no motel ávidos por insanidades da libertinagem.
Com o carro na garagem, através dos olhares, as íris fumegam labaredas embriagadas pela obscenidade. Sôfregos, ligados à corrente elétrica, ansiosos por vitórias eufóricas, as sombras abraçam-se com os corpos imolados em chamas.
Dentro da cabeça, a imaginação fervilha como uma roleta russa e possuído pelo demónio, ao transpomos a porta para as escadas da suíte, agarro-te como se fosse esfolar jacarés. Iluminados apenas pelas luzes vermelhas sinalizadoras das escadas, como dois desvairados fugidos do mundo, colamos as bocas em beijos esfuziantes, até as línguas com malícia gerarem salivas viscosas. Num movimento brusco, viro-te contra a parede, levanto-te o vestido, deixando as nádegas desnudadas, levo dois dedos à tua boca, que encharcados, bagunçam as tuas contrações vaginais e anais. Agarrada pelos cabelos, és marcada por fortes palmadas no traseiro e esventrada pelos dedos eletrizantes. Grunhimos pecados ruidosos, cantamos até ficar sem voz, uivamos como selvagens impacientes para quebrar as regras da moralidade. Trémulos, com a respiração ofegante, de mãos dadas, subimos as escadas cobertas de pétalas de rosas e com as músicas no ar, entramos na suíte. O leito ladeado por velas recria um cenário idílico, é como se entrássemos no paraíso das virgens, com o espelho da cabeceira a refletir o lado obscuro da tua mente a “sussurrar”, sou santa no altar, mas serei uma put@ submissa na cama.     
Num ápice, os beijos, as invasões dos sexos, os cabelos arrancados, os suores, os gemidos, os palavrões, são apenas os preliminares das feras excitadas para uma luta perversa.
Safada, tomas as rédeas, alternadamente abocanhas o cacete sem perdão e lambes os sacos genitais, até terminares num beijo pornográfico no meu esfíncter. É o gatilho que despoleta o animal voraz enjaulado em mim e tiras-me o discernimento da razão. Trinco os dedos, pego no cinto, levo-te para o terraço e sem vergonha fazemos dele um palco aberto ao mundo. Os dedos a esganiçar o clitóris vibrante, o estalar do cinto nas nádegas, impondo fortes rubores, enquanto o pénis pulsante arromba sem remissão o rabo. Viajamos numa espiral de delírios, de castigos impiedosos, os gemidos ecoam pelo infinito, os vidros estilhaçam com estrondo, os egos eufóricos jubilam e os corpos soltam com requinte fluidos do prazer espelhados na lua.
Os teus orgasmos tresloucados abraçam numa obcecada simbiose o sémen deixando os espermatozoides alucinados.    
Mergulhados no jacúzi, como manteiga a derreter, libertamos suores e retemperamos a fantasia para pósteros júbilos de fétiches.
 
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