Mensagens a casa (coração)…

Mensagens a casa (coração)…

O mundo vivia confinado em contentores de ódios e de ganâncias dos tesouros balofos, como se cada um tivesse no seu umbigo o carrossel da ilusória felicidade.
Todos os animais são i(mortais), exceto os humanos, porque têm a consciência da própria morte e mesmo assim vivem convictos que são imortais. O que separa o nosso cérebro dos cérebros dos animais é o livre-arbítrio, pois o nosso é o único responsável pelos pensamentos, sentimentos, pela fé, por tudo.
E, quando conseguimos cair na realidade sentimos que afinal somos frágeis, fracos e com uma pobreza de espírito imensurável.
O pêndulo do relógio bateu como uma bigorna de ferro, provocou calafrios psicológicos, tudo reflexos das sombras da pandemia. Habituados a regozijos pelas conquistas dos bens materiais, somos agora obrigados a escavar trincheiras nos nossos lares, como se fossemos escravos da estátua da liberdade.
A solidão não tem lei, mas sentimos o doce amargo pela falta de tempos felizes e rastejamos os pensamentos num buraco negro cheios de arrepios de pavor.
Os choros das crianças doem como espinhos das rosas, os contágios dos infetados são tiros de canhão que fazem explodir as batidas cardíacas, os testes positivos são choques elétricos nas gavetas do medo e a luz, escuridão eterna para os que partem.
Uma espada cruel até para os amantes escondidos pela vergonha dos cintos de castidade.
Os desenhos das crianças são tristes cenários, os espelhos mesmo desfocados, demonstram as novas rugas a surgirem debaixo das máscaras dos receios da morte.
Tão frágil que afinal é a vida!
Neste período trágico para a humanidade, nem as labaredas têm chama e estão congeladas.
Escrevo nas estrelas prosas com lucidez da esperança e envio pássaros de papel reciclado, mesmo com as asas deformadas, para semear fé e plantar afetos nos castelos de vidro desmoronados.
Não vendo banha da cobra, nem sou bebida espiritual e como acredito na bondade humana, toco melodias nas teclas, com bafos de carinho para bafejar os silêncios dos íntimos e ressuscitar felicidades nos meus semelhantes.
Sou virtualmente misterioso, mas deste lado tenho corpo, alma sensível e sentimentos de comoção pelo sofrimento dos outros. Não sou um vendedor de sonhos, apenas um Criador de desejos, um poeta que bate às portas virtuais, com cortesias infinitas e almanaques de palavras vivas de ternura.
Que as loucuras do vocabulário que entrego porta a porta, nos vossos corações, possam ser o refrigério para cada uma das almas e que ajude a encarnar novamente nos boémios do amor.
E tu recebeste a mensagem em casa ou no coração?

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