Livro de rascunhos...
23 de Abril, 2024
Pego em mil folhas de papel branco puro, colo-as pela lateral, junto duas folhas de cartão, forradas em papel preto e com muita perícia encaderno tudo, transformando num livro. Na capa, com letras a cor dourada, coloco um título: Rascunhos do EU.
Através da imaginação, sou um poço sem fundo, é com ela que mergulho em mares que muitos nunca conseguirão navegar, pelo que dificilmente atingirão os momentos de êxtase das luxúrias da felicidade.
Não tenho vida de artista, muito menos de boémio, sei que a impaciência e a pressa são inimigas da perfeição e por vezes sinto uma ânsia que me empurra para ser impulsivo.
Nunca fui desconfiado, nem dos próprios desconfiados, sempre detestei vender a banha da cobra, prefiro ser este menino autêntico, que na escuridão, se deixa iluminar pelos candeeiros da paixão e assim todas as minhas fantasias são verdadeiras portas giratórias para viajar em cruzeiros de sonho.
Amo soltar palavras tentadoras, sílabas que tocam corações, provocar em quem me escuta, gemidos dos calafrios na espinha e descrever os prazeres do sexo como se fossem preliminares intensos, para as mulheres atingirem infinitos orgasmos.
Mesmo diante das mais destemidas safadas, aquelas que despenteiam até os engomadinhos penteados, nunca recuei, jamais fui um cordeirinho sacrificado às suas mãos, pelo contrário, transformo-me num animal erótico na arte de amar de corpo e alma.
Na vida, caminho com passos de veludo, sempre com o meu jeito sedutor, em busca da minha cara-metade e quiçá com ela poder ser feliz e pintar as paredes do quarto com os suores e libidos dos nossos mais loucos gáudios.
Nem sempre consigo a tranquilidade necessária para ser equilibrado, pois sou um comum mortal, da mesma forma que penso, logo existo, também, tenho momentos em que a ansiedade toma conta de mim e os pensamentos viajam no comboio dos negativistas.
Sempre fui um analfabeto na cama, mas letrado no amor, de espírito selvagem, dotado duma mente aberta, sem tabus e que sem conversas da treta, amei e fui amado sem limites.
Para mim todos os dias são uma aprendizagem, pareço um adolescente em formação, um anjo inspirado pelo apaixonante ser, a mulher e iluminado pelos grandes pensadores.
Comecei pela “colagem” das mil folhas em branco e pela “fabricação” manual dum livro para escrever os “Rascunhos do EU”. E, aqui estou, com a velinha máquina de escrever, apenas datilografei cerca de quatrocentas palavras e mesmo com os monstros assustadores atrás de mim, irei com calma, iluminado pela razão preencher todas as páginas, porque hoje é o Dia Mundial do Livro e dos direitos de autor.
Respeita os direitos de autor.