Acabei de escrever mais um livro, 🔥Utopias Eróticas do Criador 🔥, publiquei-o de forma livre e gratuita no meu blog (www.criadordedesejos.com) e resolvi meter umas férias para descansar o corpo e a mente.

Todos os anos antes de ir de férias, planto algo e deixo a semente a germinar num vaso. Quando chego verifico o seu florescer e sinto-a como se fosse parte de mim, um capítulo da minha vida.

Este ano, talvez pela solidão, pelos confinamentos exagerados da pandemia, sentia um vazio no ego, uma coisa inexplicável em palavras.

Essa carência, física e afetiva, levou-me a inovar na semente e coloquei num frasco um ovo em fase pré-larval.

Com as malas prontas, antes de partir, ainda vi parte da sua transformação, numa larva.

As férias foram fantásticas, mas não conseguiram preencher os silêncios ininteligíveis, tudo fruto da tua ausência que consome e corrói a alma.

Fazes parte de mim, sou um louco por ti doce mulher, mas felizmente tenho cura ao contrário dos imbecis que te tratam mal, esses nunca se curam.

Chego a casa, abro a porta e um aroma invade as narinas, um silêncio barulhento, uma luz brilhante que ilumina a sala e encandeia a íris.

O frasco, o ovo, a larva, a pupa, é agora uma linda borboleta.

Pego nele, sento-me no sofá e abro. Sai a voar, com as asas bem abertas, mil cores a reluzirem e a espalhar perfume da sua essência.

És tu, cheia de vida, simbolizada no corpo da borboleta.

Refastelado, perplexo no sofá apenas fico a observar-te e a recordar as nossas memórias íntimas, os momentos vividos carregados de múltiplos orgasmos poéticos.

Nostálgico, com as nossas cumplicidades guardadas no coração, troco batimentos cardíacos ao compasso do bater das tuas asas. Na realidade não tens asas, mas és um anjo, de coração cristalino, onde a tua beleza interior é excelsa e por fora és o reflexo da imensidão da própria luz. Saqueias-me o ego, aguças-me delírios, fazes-me descobrir sentimentos inusitados e as paredes do quarto estão sedentas de suores, das vibrações arrebatadoras.

Voas em redor da minha cabeça, sinto o teu corpo enfeitiçado, a nudez desbravada, a sexualidade extrema e não consigo acalmar os ânimos, mas sim os demónios a despertar para doces pecados.

És um cristal delicado, frágil, fácil de quebrar, portanto, mereces e deves ser tratada com delicadeza, com infindáveis pormenores de proteção de corpo e alma.

Na mente esvoaçam pensamentos, desejos perversos, fulgores desmedidos e arrepios calorosos. A cama aclama o inevitável, a tua boca salivada, a língua desconcertante, os seios arrebitados, a vagina molhada e o ânus recetivo às ousadias descontroladas.

Abro a janela e dou a liberdade à borboleta, na expectativa que entres pela porta e deixes-me embriagado pelos clímax’s mútuos.

Mesmo sem te ver, fico nesta ânsia, com os suores agitados, subjugado ao desejo e absorvido pelas ereções explosivas, neste regresso em metamorfose das férias…

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