Motel em chamas…

Motel em chamas…

Andas sem cor na alma, perdida em quedas nas falésias da autoestima, com a beleza do rosto encoberto pela timidez arrepiante, das máscaras do medo. Momentos diferentes na vida normal, um livro que precisa de ser aberto para novos capítulos e lido pelos prazeres mais profundos do corpo e da alma.
Conheço bem o teu fascínio pelos motéis, ainda recordo a primeira vez que fomos, ficaste de olhar esbugalhado e os pensamentos voaram fantasias pela estrada de fogo da imaginação.
Precisas de loucuras travessas, deste safado alegre, de saíres do transe dos zombies pelo confinamento exagerado da pandemia e da indiferença que sentes.
O convite é real e o destino também, para uma desforra desejada. Pela, luminosidade da tua expressão, sinto que estás segura de ti, em querer encarnar numa putéfia convicta.
Entramos no motel, ainda o portão da garagem não se fechou e já estamos num abraço apertado e derretidos num beijo de galgos carentes.
Na suite ficas petrificada, até ouço a tua imaginação a falar na mudez do silêncio: um circo de feras, muitas bravuras imorais, muitas overdoses molhadas de sémen transbordados dos machos como verdadeiros gorilas das cavernas.
Entras em êxtase, só em idealizar as aventuras neste teatro carregado de gritos histéricos, de palavras atiradas pelo dicionário calão, pelas praxes sexuais viris com proeza, nos castigos punidores e as manadas de cabelos arrancados pelos amantes safados nas bravas mulheres esfoladoras de gatos, que por aqui se cruzam.
Fascínios pornográficos que galopam na tua mente criativa, deixam o teu corpo excitado e os mamilos retesados sem lei. És uma sonhadora e facilmente demonstras avidez em derreteres ereções pela forma dedicada que inicias carícias nos sacos genitais.
Sinto-me um etíope faminto, com vontade de estourar a carne com o pénis flamejante e desencadear uma procissão de malícias, enquanto idealizo posições macabras.
O regalo nas coxas, um marcador de nádegas em cada batida cadente, soluços abertos, arrepios que gritam cefaleias corporais, tudo lamparinas acesas da excitação.
Dois verdadeiros apaixonados, transformados em desmiolados selvagens.
De pernas abertas, a língua peganhenta recita homilias no clitóris, os dedos carregados de gosma escavam a gruta húmida. Escalas o prepúcio, com a boca trituradora de mangalhos, mordo os próprios lábios, enquanto chupas e abocanhas com mestria dedicada.
És doce, ternura na essência mais pura, o teu perfume embriaga-me e viro um bicho bárbaro alucinado pelo cio.
Apregoas súplicas ao rolo compressor por “enterradelas”, até fazer saltar as molas do colchão. Assanhado, levo-te para debaixo do chuveiro, agarro-te forte pelos cabelos e de forma obscena lambo a salinidade vaginal e o piscar do ânus, que sem dó invado profundo numa alternância, os dois orifícios do prazer. Faço deles uns sacos rotos, uns lagos impudicos de esperma. A vagina grita, vomita orgasmos e o cú deixa-se atropelar por um comboio sem freios.
Soltas chamas de dragão-fêmea estridentes, as lobas lá fora escutam a histeria do clímax e uivam aos deuses do pecado.
Um inferno em brasa, regado com suores sexuais, as paredes como testemunhas, os espelhos baços desfocam a nossa carne queimada. Apagamos o fogo inanimados no jacúzi, a retemperar forças e energias, para de corpo e alma imolar novamente o motel em chamas.
 
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