Perdidos no tempo…

Perdidos no tempo…

A claridade imerge na minha varanda do descanso pela janela de cortinas abertas. Sinto meu corpo lento neste leito macio de penas. Estendo a mão e não encontro teu corpo a meu lado, mas apenas os lençóis ainda aquecidos do calor da tua pele.
Caímos no sono bem tarde embalados pelas leituras poéticas nos nossos jogos de palavras.
Tens o reportório alfabético, por vezes até sublime e brincas facilmente na forma fonética do abecedário, como uma arara a expor as suas mil cores.
Sinto teus pés descalços na estrada dos teus passos, o ranger da porta do quarto, tudo ruídos que remexem a minha mente.
Surges como um mar tranquilo, de cabelos soltos e teu corpo desenhado à mão. Teu olhar são tuneis de sorrisos que escancaram a iluminação e teus lábios flor de mel esfomeados, que me fazem refletir momentos vividos.
Quando te conheci parecias formatada à timidez fugaz, às tuas pontualidades perdidas que em castigos de caricias fazias de mim um chocolate derretido.
És um saquinho de surpresas, e nestes milésimos de segundos dos nossos olhares cruzados, o silencio não é vazio, mas está repleto de respostas que sinto no estremecer da cama.
Meus olhos penetram em ti como se fossem mandibulas afiadas da figura feroz tatuada na perna, mas não sou o devorador da carne, mas sim o teu alimento da alma.
Abres a gaveta da comoda de onde voam contos passados com asas e numa corrida no tempo escolhes a cor do veneno. Na tua sensibilidade vestes a lingerie vermelha a preceito e olhas com suplicas de clemencia como se quisesses uma licença aberta.
És o farol que encandeia o tesão das proezas da vitalidade.
Encaixada no meu corpo, deslizas as unhas pontiagudas nas costas e sinto a pele entranhada de arrepios, que numa voz musical liberto caravanas de gemidos.
Teu corpo é um comboio de emoções neste safari selvagem, delicio teus belos seios como se fosse um lambedor de nuvens.
Teu corpo escorregadio nos deslizes salivares, soltamos vozes de beijos, grunhidos de palavrões neste festim mascarado de palmadas em coro.
Amamos cada estalido dos beijos e caímos em mordidelas dos lábios enraizadas até ao osso.
Neste alívio de desejos, esmagas meus sacos nas batidas contra teus lábios vaginais, como punições físicas nesta energia intensa.
Bradamos aos céus as hemorragias de orgasmos que correm em rios deixando os lençóis encharcados.
Parecemos adolescentes pervertidos da fornicação, mas somos apenas espíritos transformados num jogo de paixões.
Podemos estar perdidos no tempo, mas não estamos no tempo perdido. 

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