Quebramos as regras...

Quebramos as regras...

Já cobri as paredes do quarto com fotos tuas, o teto com as peças de lingerie que deixas na minha cama, já falamos horas a fio pelo telemóvel, mas é tudo muito álgido, sem loucuras de sensações reais e necessitamos estremecer por dentro. Sofredores pela barreira corporal, vizinhos separados por uma linha do concelho diferente, que as restrições apertadas nos separam e sinto-me um cão esfomeado.
Tentador, resiliente, impulsivo, desafio a tua corada vergonha para infringirmos as regras, pelo prazer de desvarios com ementas picantes. Desavergonhados, percorremos trilhos escondidos como amantes fantasmas de espírito irreverente, com fome de boémia e contornamos as forças policiais. Local apertado, inóspito, uma cabine telefónica, mas que a nossa demência racional acolheu como o paraíso e lá fora apenas a sentinela do inferno.
Famintos, abrimos os cios com um rodízio de carícias, abraços esgazeados, as bocas lutam na sofreguidão dos beijos, as sucções das línguas derretem suores da saliva e as peles aplaudem arrepios.
Beijo o pescoço, lambo as orelhas, dedilho cada traço dos lábios, invado a boca e ficas a chupar os dedos enquanto escalo pormenorizadamente os seios. O calor aumenta, o espaço reduzido, os calafrios a cada toque, deslizas como uma serpente, apertas os sacos testiculares, abres o zip das calças e rompes os silêncios como lambedora de ereções. Os vidros deste cabaré nudista embaciam, escorrem, os dançarinos vestem delírios eróticos, unhas que cortam a pele e coibidos de posições criativas, as ardências com asas trespassam a epiderme. Atiço fogo nas coxas, rasgo a fenda carente com os dedos conquistadores, aperto as nádegas contra mim e lambo todos os vícios do corpo. Serpenteio pinceladas com os odores da vagina humedecida, numa euforia indigna, rogas selvajarias e de forma abrupta bates contra o telefone, que cai do auscultador e fica a emitir o tu-tu-tu-tu que contrapõem com os urros da penetração.
Por trás, diabolizo o clitóris com fornicações vertiginosas, enquanto uma mão segura a cabeleira, a outra com os dedos enfiados na boca, sugas as impressões digitais e libertas overdoses de gemidos. Sanguinolento, animalesco, dilacerante, com o pénis pulsante, furibundo em cada estocada demolidora, puxo mais forte os cabelos, enfio o dedo polegar salivado no piscar de tesão do ânus e esfolo todos os rótulos de carências. Inebriados pelas explosões dos orgasmos perfumados, encharcamos o chão, trepidamos respirações esbaforidas, os corações explodem gritos histéricos, as goelas vociferam guinchos de javali, olvidados de tudo, nem ouvimos a bater veemente nos vidros.
A polícia, pensamos, felizmente é o Belzebu avisar que quebramos as regras.

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