Quimeras virtuais...

Quimeras virtuais...

É outono, mas hoje a chuva bate fortemente na vidraça da varanda dos prazeres.
Em bicos de pés espreito ao longe as nuvens, não almejo no horizonte o mar, apenas centenas de gaivotas a cruzarem os céus.
Com este tempo escurecido, sinto-me indeciso no que fazer, talvez cantar aos deuses do Olimpo ou simplesmente escrever poesia com palavras incendiárias.
Esta sensação de ter dentro de mim Deus e o Diabo, é agitada e remexe as hormonas do pensamento.
Não tenho dentro de mim, esqueletos de guerra, mas muitas memórias dos tempos da juventude, da louca adolescência.
Sempre gostei de regar os pensamentos com gasolina, tenho o gosto do impossível, porque lá a concorrência é menor e amo sempre o caminho mais louco e difícil, nele as rivalidades são menores e o resultado muito mais entusiasmante.
Deusa sedutora, tudo é motivo para fantasias contigo, deixas-me indeciso entre escolher o fogo ou a fogueira, és um misto de vivências, talvez sejas o rastilho e eu a pólvora.
Almejamos novos entusiasmos, precisamos despertar as carências silenciosas dos egos, embora saibamos o quanto andam enegrecidos e envoltos em tristezas. Quero acordar esse vulcão adormecido e descodificar-te a alma doce, portanto não lutes contra o mundo, porque ficas com a voz embargada e lavada em lágrimas da comoção.
Vive, respira, sente a luz interior a explodir de felicidade e deixa-te tocar pelos momentos intensos, vibrantes, até pelos mais depravados pelas mãos ardentes do poeta.
Tudo é novo neste encontro inesperado, de sensações inexplicáveis e a emotividade difícil de colocar em palavras, mas escuta o labirinto das nossas mentes, elas desejam prazeres inesquecíveis.
Como um fogo que consome desenfreadamente o mato, entramos neste jogo de pura sedução, em que cada palavra, cada olhar trocado, cada jogada é uma espiral de tentações. Sinto a pele arrepiar sem ser tocada, é sinal de que a alma disse, sim, sinto o sexo excitado, sinal de que o corpo disse, sim, mas o vencedor é aquele que não se apaixona. Em contraste com o bailado da chuva a bater lá fora, existe um arco-íris que ilumina o desejo, ele, bate forte e o tesão pulsante galopa sem travões.
Sou um anjo sem asas, mas sempre de coração aberto e escuto silenciosamente o regozijo do teu íntimo viciado pelas minhas palavras. Sei o que a tua alma sussurra, tenho esse dom de saber escutar e sinto a jorrar dentro de ti, a lava das humidades enérgicas, dos clímax’s.
Preparei um balão de oxigénio alimentado por pétalas de rosas, coloquei um varão para dançares com a tua imaculada nudez, enquanto voamos numa montanha-russa dentro dum túnel de vento. Ele, será o nosso berço ternurento para ficarmos viciados em beijos de saliva com aromas picantes e regozijarmos em soluços esbaforidos pelos orgasmos infindáveis.
Poderão ser apenas utopias das memórias escondidas, ou quiçá das glórias vividas, mas nunca deixarão de ser realidades ambicionadas das quimeras virtuais.  

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