Regresso ao passado...
14 de Março, 2024
Na indecisão do futuro, certo é que ainda tenho o sonho de escrever novos livros, talvez de memórias vividas no passado e se o fizer será sem filosofias baratas.
Ensimesmado, num silêncio monástico, apenas com os tímpanos abertos para os sons do rádio, tento escutar as boas lembranças do passado alojadas nas gavetas do íntimo.
Tudo começou numa tentadora chamada telefónica, ambos precisávamos derreter o gelo da alma e de animar o ego com o fogo da paixão.
Nostálgico, traço numa folha de papel um desenho abstrato da tua beleza infinita e com as cores do mar, navego na imensidão do teu ilusório olhar profundo.
Ainda tenho gravado no âmago, a tua pele morena a contrastar com os olhos verdes, os cabelos loiros soltos e o cheirinho hipnotizante do corpo.
É um retorno ao pretérito dos bons momentos, onde fomos em busca do sol quente nas praias das Caraíbas e das imperdíveis praias de areia branca.
Parece que estou a ver a passagem verdejante até nos depararmos com o areal e o mar abraçar a imensidão.
Com a praia somente nossa, de mão dada, apenas acompanhados pelos pássaros a comeram as migalhas da nossa liberdade, a corremos literalmente nus como duas crianças castiças perdidas no mundo nas falésias e tatuamos na areia o bater forte dos nossos corações. Com o sol a queimar, existiam umas pequenas nuvens a cores, eram as portas do céu para as epidermes descansar.
As voltas que a vida dá, agora tudo são meras recordações, sombras que se refletem nos sentimentos iluminadas pelos pensamentos ilusórios.
Ainda sinto o oscilar do baloiço onde fizemos amor, após comermos o caroço do fruto proibido, como se fossemos o Adão e Eva no paraíso.
Pois, o baloiço…
Nele voamos com os corpos encaixados, bagunçamos a intimidade um do outro, como num filme erótico impregnado de fantasias afrodisíacas.
Mesmo sentindo a ausência dos beijos ardentes, dos gemidos ofegantes, não posso, nem quero viver apenas de nostalgias, neste regresso ao passado.
Respeita os direitos de autor.
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